Opinião

“Só com a nossa permissão!”, por Solange Jurema

Foto: George Gianni/PSDB
Foto: George Gianni/PSDB

Foto: George Gianni/PSDB

Na semana passada os Secretariados paulista e nacional do PSDB-Mulher, com o apoio da Fundação Konrad Adenauer, reuniram cerca de 100 tucanas e simpatizantes de todo o país para discutir propostas a serem levadas aos eleitores nas eleições municipais do próximo ano.

Uma discussão riquíssima, ímpar, com efetiva participação de todas; de interação e formulação inicial de temas que dizem respeito à questão da mulher e suas dificuldades no Brasil de hoje, com belas palestras de especialistas.

Uma das mais efetivas foi a da médica sanitarista e professora Tânia Lago, ex-coordenadora para saúde da mulher no Ministério da Saúde na gestão José Serra durante o governo Fernando Henrique Cardoso e da área da mulher na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo do governo José Serra, que deu claras noções sobre o tema, e, principalmente, sobre a postura política que todas devemos adotar em questões sobre o nosso corpo, que a nós pertence.

As brasileiras vivem uma série imensa de pressões, de discriminações, de preconceito e de violência em todos os segmentos da esfera humana e sofreram um novo ataque institucional, com a aprovação do Projeto de Lei 5.069 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados que estabelece regras rígidas para a realização dos abortos por gravidez causada por estupro.

Nós, tucanas, não aceitamos a aprovação dessa matéria nos plenários das duas Casas do Congresso Nacional. Para deixar clara nossa posição, já protestamos com uma moção de repúdio a essa anacrônica iniciativa do atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e que, infelizmente, contou com o apoio de alguns deputados federais do partido.

No Brasil o corpo da mulher é um espaço que ela mesma tem pouca autonomia sobre ele. Todo mundo quer dar palpite ou definir regras comportamentais, morais, sexuais e legais, sem ao menos ouvir a própria mulher.

Como bem definiu Tânia Lago, o Governo, o Congresso Nacional, as instituições religiosas, os maridos, namorados, noivos e companheiros se sentem no direito de ditar o que a mulher pode ou não fazer com seu próprio corpo.

É preciso ainda muita luta das brasileiras para prevalecer o seu desejo e o direito de dispor de seu próprio corpo da forma como lhe é mais adequado, independentemente de parceiro ou de instituições publicas ou privadas.

As conquistas já obtidas não podem retroceder, como no caso da tentativa do defenestrado projeto de lei de Eduardo Cunha.

O corpo é nosso e de mais ninguém!

O que esta resumido na lapidar frase de Tânia Lago no nosso encontro de tucanas e simpatizantes: “No nosso corpo ninguém põe a mão”.

Só com nossa permissão.

*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB