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Crise social: mais de cem mil trabalhadores devem perder empregos em obras de infraestrutura

Brasília apresentou, em junho, taxa de desemprego de 14,2%. O índice, de acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED-DF), demonstra relativa estabilidade, já que, em maio, o número registrado chegou a 14,4%. O levantamento foi divulgado nesta quarta-feira (29), durante entrevista coletiva no auditório da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). Tal desempenho resultou do crescimento na construção (15,1% ou geração de 11 mil postos de trabalho). Aguas Claras, Brasília, DF, Brasil, 29/7/2015 Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

DS_Construcao_Civil_Foto_Denio_Simoes_29072015_004Brasília (DF) – A crise econômica e social patrocinada pela gestão da presidente Dilma Rousseff faz cada vez mais vítimas no mercado de trabalho. Segundo estimativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), mais de cem mil trabalhadores devem perder seus empregos em obras de infraestrutura até o final do ano. Somente de janeiro a setembro, foram 79.131 demissões. As informações são de reportagem de domingo (1/11) do jornal O Estado de S. Paulo.

De acordo com a publicação, o número total de demissões chega a 222.711 quando se incluem na conta a construção de edifícios. Para especialistas, o setor está em crise e as perspectivas não são boas, já que não existem novos ciclos de investimento à vista e as grandes obras estão andando em ritmo mais lento.

Na hidrelétrica de Belo Monte (Pará), por exemplo, só em agosto foram 1.749 demissões. Segundo um cronograma enviado ao Ministério Público do Trabalho (MPT) pelo consórcio construtor da usina, serão mais 12 mil demissões de outubro a fevereiro do ano que vem. Em Pernambuco, cerca de 40 mil trabalhadores perderam o emprego com a paralisação das obras na refinaria Abreu e Lima, por conta do bloqueio de alguns recursos da Petrobras pela Operação Lava-Jato.

Para o deputado federal Nilson Pinto (PSDB-PA), o problema da demissão em massa de trabalhadores após o término de grandes obras nunca foi discutido adequadamente pelo governo. “Cada vez que a União inicia um projeto desse tipo, nós alertamos para o problema que vai acontecer invariavelmente”, afirmou.

“Levas e levas de trabalhadores são levadas para a região, e lá desenvolvem o seu trabalho. Passados alguns anos, quando o projeto chega ao final, há naturalmente o processo de desemprego. Muitos ficam na região, muitos não tem escolaridade para conseguir um emprego melhor e se juntam à leva de desvalidos, de pessoas que tem uma dificuldade enorme e que acabam sendo ajudadas pela assistência social do próprio estado ou município onde se encontram, e a União não tem absolutamente nenhuma responsabilidade com isso. Esse é um drama”, avaliou.

Mudança de postura

O parlamentar defendeu uma mudança de postura do governo federal e a importância de discutir as “implicações socioambientais” de um projeto de grande porte, como é o caso de Belo Monte, para que os danos sociais não tragam prejuízos à população e estados como o Pará.

“Quando se tem um governo responsável, um governo federal que tenha compromisso com a sua população, esse tipo de problema é olhado com um pouco mais de atenção, de modo a se prever soluções para o problema. Com este governo que está aí, a situação tomou ares críticos, porque o governo não está nem um pouco interessado em resolver o problema, em se preparar para ele. Não adianta falar de planejamento no governo do PT, porque isso não existe”, destacou Nilson Pinto.

“O resultado é que, diante de uma crise que é nacional, gerada em boa parte pela incompetência do próprio governo, muitos trabalhadores ficarão desempregados e não terão possibilidade de serem ajudados. Isso é muito ruim, e demonstra a péssima qualidade do planejamento que existe no Brasil. Temos clareza de que não basta reclamar, não basta se indignar. Temos que tomar medidas concretas contra esse estado de coisas, e evitar que isso aconteça no futuro”, completou o deputado.