Opinião

“Até onde vai Lula com suas manobras?”, por Lêda Tâmega

Foto: George Gianni/PSDB
Foto: George Gianni/PSDB

Foto: George Gianni/PSDB

A conjuntura político-social e econômica que desarranja a estabilidade institucional do nosso País é produto de treze anos de [indi]gestão lulopetista e mostra-se a tal ponto indomável e desastrosa que trava a máquina estatal, impedindo que sejam tomadas medidas imprescindíveis à garantia da governabilidade. O grau de incerteza que ronda cada ação titubeante do governo e as seguidas idas e vindas de suas decisões refletem o tamanho da incompetência da Presidente da República e semeiam insegurança na sociedade, nos meios empresariais, nos investidores e no volátil “mercado”.

É voz corrente entre especialistas que a crise econômica, agravada pela crise política, está se avolumando como uma bola de neve de consequências imprevisíveis, desenhando um cenário sombrio e muito preocupante para 2015 e 2016, com as projeções para um PIB ainda pior do que o previsto no começo do ano. Dados divulgados na semana passada atestam que a economia encolheu 1,9%. Não resta dúvida de que o país entrou em recessão.

Já estamos assistindo a uma queda acentuada do consumo das famílias, que, em grande número, estão endividadas e/ou inadimplentes, após o entusiasmo da explosão consumista, grande trunfo da política “anticíclica” da Era Lula. Teme-se que grande parte daqueles milhões que o ex-presidente se vangloria de ter tirado da miséria possam estar prestes a voltar à sua antiga condição. Esse é o lado triste dessa história. Com o crescimento do desemprego, o aumento da inflação, a alta dos juros, somados à queda dos investimentos e à falta de rumo e de credibilidade do governo Dilma Rousseff, empreendedores desistirão de abrir negócios e empresários, inseguros e sem perspectiva, não se animarão a ampliar e modernizar a capacidade produtiva, e sobrará para os trabalhadores de baixa renda, os mais pobres, o “povão”, a carga mais pesada, a maior dificuldade de encontrar emprego e de botar comida na mesa. É inacreditável que, depois da luta do governo FHC para conter a inflação e estabilizar a economia, o Brasil esteja contabilizando uma década de retrocesso.

É verdade que a responsabilidade pelo descontrole das contas públicas cabe a Dilma e ao PT, por promover uma gastança desmesurada e irresponsável, de olho na reeleição, maquiando contas, na tentativa de burlar a fiscalização. Mas Dilma é apenas a ponta aparente desse iceberg que já vinha sendo formado anos antes, sob o comando de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, o grande idealizador de embustes, que fez o que bem entendeu com as finanças públicas enquanto esteve no Planalto, tomou conhecimento e se beneficiou do maior esquema de corrupção que o mundo já viu e não poupou gastos nem mutretas para empurrar seu falso brilhante goela abaixo dos brasileiros.

E é esse senhor, cuja oratória mordaz esconde de fato a sua ânsia em se desvencilhar das teias desenredadas pela Operação Lava Jato, que vem agora arvorar-se em grande moralista, em juiz e conselheiro de seus iguais, pondo-se acima do bem e do mal, dando-se o direito de sair apontando o dedo a torto e a direito, acusando adversários e até companheiros, guardando o pódio unicamente para sua excelsa pessoa.

Foi o que Lula voltou a fazer ao discursar, com a arrogância costumeira, no lançamento do “Memorial da Democracia”, criação do Instituto que leva seu nome. Sob a falsa capa de um mea culpa, em que admitiu que os petistas cometeram erros, seu intento foi destacar a sua superioridade frente a todos os governantes que o antecederam: “Temos que levar em conta que cometemos erros. Temos defeitos. Mas ninguém fez mais do que nós fizemos por esse país”. É fato. Ninguém conseguiu destruir em tão pouco tempo tantos avanços na gestão pública, seja no que tange ao saneamento das finanças, à estabilidade da moeda ou ao rumo do crescimento sustentável, quanto Lula e seu PT.

Além disso, – quanta empáfia! – cobrou autocrítica do governo Dilma, diante das manifestações, como se ele não tivesse nada a ver com isso: “A única coisa é que temos que medir as consequências, é se nós estamos fazendo aquilo que nós [sic] propusemos a fazer… É a gente que tem que medir a pressão para saber também por que eles estão manifestando“. Também não deixou de estimular a companheirada a “pelejar” nas ruas contra os manifestantes contrários ao governo: “Tem gente indo para a rua para defender o fim da democracia. Contra esses, temos que lutar”. Vemos aí de onde partem as palavras de ordem que deixam as lideranças da CUT muito à vontade para repeti-las impunemente até dentro do Palácio do Planalto.
Fica claro que o propósito de Lula agora é provocar um conflito entre seus partidários e a grande maioria da população que não quer mais Dilma nem o PT no governo. Na cabeça de Lula, o enfrentamento armado nas ruas seria uma saída honrosa para ele, ao mostrar ao mundo que o Brasil está dividido e que derrubar Dilma seria derrubar o PT , o “projeto” gestado no Foro de São Paulo e a sua democracia. Para ele o que conta é salvar a própria pele e as aparências. O Brasil e a vida dos brasileiros? Fora de cogitações.

Prosseguindo na estratégia do conflito, ainda naquele evento, Lula se deleitou ao usar sua artimanha verbal preferida – jogar o “nós” contra o “eles”: “As pessoas batendo panela quando tem pronunciamento nosso é um ato democrático. Não incomoda ninguém, não atrapalha tanto. O problema é que a empregada depois vai lavar a panela e aí é difícil. Se tiver amassada, vai ser complicado”. E pensar que esse sutil paladino das domésticas é a mesma pessoa que circula à vontade entre empreiteiros e banqueiros, descansa num sítio reformado por um amigo, dono de construtora, desfruta de uma cobertura tríplex em Santos, e guarda bem a salvo a fortuna que amealhou durante sua passagem pela presidência. E que é esse detrator contumaz de FHC a pessoa que deixa embaixo do tapete as inúmeras benesses que distribuiu com o dinheiro público para impulsionar os negócios de empresários amigos, muitos deles doadores de propinas, seja para campanhas eleitorais do PT e seus aliados, seja para enriquecimento pessoal de alguns. O lado bom disso tudo é que muitos dos seus amigos já estão atrás das grades, dentre os quais José Dirceu, o todo-poderoso Chefe da Casa Civil de seu primeiro mandato, que já cumpria pena por chefiar o esquema criminoso do “Mensalão”.

Os brasileiros aguardam agora ansiosos novos desdobramentos da Lava Jato, mas confiantes em que a Justiça se fará e que o Juiz Sérgio Moro irá cumprir sua tarefa até o final, apanhando e punindo, mais dia, menos dia, o Chefão do esquema criminoso que destroçou a Petrobras e envergonha o Brasil.

 

*Lêda Tâmega é vice-presidente do Secretariado da Mulher/PSDB