A informação de que a Petrobras considera vender parte do campo de Libra, no pré-sal, caiu como um soco no estômago do brasileiro. Lula e Dilma arrasaram a empresa. Como numa Black Friday, a estatal tenta vender apressadamente ativos importantes para tapar os rombos da gestão temerária e da ladroagem. É um saldão do tipo “o gerente enlouqueceu”.
A lista que vem sendo aventada é extensa: mais de 20 usinas termelétricas, milhares de postos de gasolina BR, redes de gasodutos da Gaspetro (entre eles o Brasil-Bolívia), embarcações da Transpetro, fábricas de fertilizantes, participações em usinas petroquímicas e de biocombustíveis, operações no Golfo do México e, principalmente, campos de exploração no pré e no pós-sal.
No início do ano, falava-se em arrecadar 13 bilhões de dólares. Agora, já se fala em 57 bilhões de dólares até 2018. É um desmonte. É uma amputação da Petrobras. E justo no momento em que o mercado internacional de petróleo vive seu período de menor rentabilidade, de modo que os ativos da empresa devem ser vendidos a preço de banana. Vão entregar e barato.
Entre os campos, o único no pós-sal é o de Tartaruga Verde e Mestiça, na Bacia de Campos. O resto, tudo no pré-sal: Júpiter, Carcará, Pão de Açúcar, Leme e Sagitário, além de Libra, o mais valioso de todos, na Bacia de Santos, onde se estimam reservas monumentais entre 8 e 12 bilhões de barris. Depois de tanta bravata política, o governo vai entregar o filé mignon do pré-sal.
Concluída a lipoaspiração no plano de investimento, que minguou os aportes da Petrobras ao mesmo patamar de sete anos atrás, a estatal deve também começar a demitir funcionários. Enxugar a base da empresa é a palavra da vez. Querem cortar até 30% dos custos operacionais. Claro, fazem isso sorrateiramente. Falam em “otimização de custos de pessoal”.
Depois que uma explosão seguida de incêndio levou a pique a plataforma P-36, em 2001, quando 11 petroleiros perderam suas vidas, o PT rapidamente denunciou um plano deliberado de sucateamento da empresa por parte do governo tucano. A estratégia, segundo eles, era sucatear para entregar barato. O que teriam a dizer agora essas pessoas? Aliás, onde elas estão? Por que silenciam?
Ver a Petrobras vendendo o almoço para pagar a janta fere os brios do povo brasileiro. A derrocada seria apenas mais uma história de infortúnio empresarial, se ela não fosse o símbolo da soberania e da força de todo um país. Quantos milhares de empregos o PT destruiu ao fragilizar a Petrobras? Apenas no Comperj foram 35 mil! Quantas oportunidades foram desviadas do nosso futuro? E, principalmente, quem será responsabilizado por isso?
*José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB.
**Publicado originalmente no Blog do Noblat em 22 de julho de 2015