Opinião

“Empreender é para todos”, por Mara Gabrilli

Você já parou para pensar em como um cego faz para ter acesso a todos os conteúdos que temos a nossa disposição nos dias de hoje? Vivemos em um mundo totalmente visual, onde a informação é absorvida cada vez mais rapidamente. Assim como as mídias se convergiram para vários meios, hoje, os recursos de acessibilidade para os cegos também se transformaram.

Da mesma forma que você pode se informar por várias plataformas, como a televisão, a internet, a mídia impressa e a radiofônica, uma pessoa com deficiência visual também pode. Muita gente associa a comunicação dos cegos apenas ao Braille. Uma concepção ultrapassada para a sociedade da era digital e tecnológica

 

Antigamente, para falar com alguém distante nós escrevíamos cartas. Hoje, isso quase não acontece mais. Elas foram substituídas pelo e-mail, certo? Pois então, para o cego se comunicar só pelo Braille é a mesma coisa que ter apenas as cartas como meio de comunicação. Você consegue imaginar isso hoje?

Assim como uma rampa ou elevador resolvem facilmente meu problema, recursos como a audiodescrição e os softwares com leitores de tela podem fazer a diferença na vida de uma pessoa que não enxerga.  Em 2008, a Convenção da ONU sobre os direitos da pessoa com deficiência foi ratificada pelo Congresso Nacional. Isso significa que todos os seus artigos, inclusive aqueles que dizem respeito à acessibilidade nos meios de comunicação, devem ser cumpridos. Infelizmente, não é isso que temos visto do Ministério das Comunicações, que vem protelando há algum tempo a implantação da audiodescrição na tevê brasileira.

Hoje, temos à disposição recursos tecnológicos e humanos que tornam tudo possível para qualquer ser humano, por mais diferente que ele nos pareça ser. Além de garantidos por lei, são embasados em normas técnicas aperfeiçoadas constantemente. Costumo dizer que deficiente é a cidade com sua falta de equipamentos, não as pessoas. Precisamos ampliar o acesso a estes recursos.

Um livro que toca a alma, uma informação importante ou a riqueza que a descrição das cenas de um filme pode trazer à vida de qualquer pessoa cega podem ter poder transformador. Pessoas com conhecimento transmitem e multiplicam lições. Quanto mais acesso a informação um cego tiver, mais ele poderá contribuir para a sociedade. Contribua.

*Postado originalmente no site Empreendedorismo Rosa