Opinião

“Auditoria já!”, por Solange Jurema

Solange-Jurema-Foto-Luiz-Paulo--300x200Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” dita o paragrafo único do Artigo 1º da Constituição do país, que garante a todos nós o direito de escolha e aos nossos eleitos, o de nos representar com dignidade.

No mês passado, cerca de 125 milhões de brasileiros foram às urnas duas vezes para exercer o legítimo direito de escolher seus representantes para as assembleias estaduais, Câmara dos Deputados, Senado, governos estaduais e Presidência da República.

Essa massa se comportou de maneira civilizada, ordeira e tranquila ao depositar seu voto, com suas opções, nas urnas eletrônicas, com a convicção de que elas  registrariam sem erros ou manipulações a sua escolha por esse ou aquele candidato, esse ou aquele partido.

No entanto, depois do segundo turno da eleição presidencial, começaram a surgir alguns fatos que levantaram dúvidas pertinentes sobre a eficácia e a vulnerabilidade do sistema de urnas eletrônicas usado no Brasil nos últimos pleitos.

Pelo país afora, nas redes sociais ou mesmo na mídia tradicional, ocorreram relatos de casos estranhos como a divulgação de resultados antes do término da apuração, o aparecimento de boletins de urnas distintos dos dados digitalizados e outros casos inquietantes.

Uma eleição presidencial precisa transcorrer em ambiente de transparência e lisura absolutas, portanto, há sim, margem para questionamentos. Enquanto os 51 milhões de eleitores que votaram no PSDB manifestarem dúvidas sobre se, como e porque esses erros ocorreram. Temos a obrigação de cobrar a explicação para cada um desses episódios.

Daí decorre a correta inciativa da direção nacional do PSDB de pedir ao TSE uma auditoria especial sobre o sistema de armazenamento e transmissão de dados das urnas eletrônicas, comandado por representantes dos partidos e especialistas.

Não se trata, como bem registrou a nota oficial do PSDB (leia no site do partido), de questionar diretamente o resultado da eleição presidencial, mesmo com margem de vantagem tão pequena, inferior a 3% dos votos.

Trata-se de preservar o bem mais precioso de um cidadão em um regime democrático: o sigilo e o respeito ao seu voto, de sua vontade soberana de exercer livremente sua escolha.

O povo brasileiro, a democracia, e o próprio Tribunal Superior Eleitoral precisam dessa auditoria para sepultar de vez as desconfianças que pairam sobre o nosso sistema eleitoral, hoje fundamentado no uso das urnas eletrônicas.

Com essa ação estaremos preservando o parágrafo único do artigo 1º da Constituição brasileira e dizendo, em alto e bom som, que o poder está sendo emanado do povo e exercido, legalmente, em nome dele.