É paradoxal, mas, no Brasil, a campanha eleitoral é a época em que a grande maioria dos políticos mais perde credibilidade. Tudo parece cheirar a negociata, a interesse de voto, a compromisso falso. Até mesmo os sorrisos e os abraços tendem a parecer tendenciosos. Em especial nas eleições deste ano, esse quadro parece mais nítido, com lideranças partidárias condenadas e presas por corrupção, a exemplo dos “mensaleiros” do PT, gestores de toda espécie sendo afastados dos cargos, mandatos cassados.
Em suma, ao eleitor, não é fácil separar o joio do trigo.
A visibilidade política ganha força com a velocidade e engenhosidade da internet e as opiniões se tornam mais expressivas em debates por redes sociais e pela modernidade posta hoje em aparelhos de celulares, minicomputadores, onde a comunicação acontece sempre em tempo real. E, daí, a desconfiança com a política toma a dianteira diante de tantos os fatos e boatos disseminados pelo mundo afora. Na mistura de todos juntos, fica cada vez mais difícil mostrar, convencer, de que na política nem tudo é sujeira.
É a tal síndrome eleitoral. A temática de que o justo paga sempre pelo pecador.
Mas nem por isso o processo eleitoral tende a cair apenas na vala comum. Quem conseguir fazer e mostrar a diferença, não apenas com o olho no olho, com uma proposta viável e passível de ser cumprida, mas, sobretudo, com uma campanha respaldada em uma história de vida, pública ou não, limpa, digna, coerente com o que projeta na política, certamente mudará o rumo da história eleitoral deste ano, amedrontada com a insatisfação popular vestida nos protestos que tomam, cada vez mais, as ruas do cenário político nacional.
Não se pode conjugar todos pelo mesmo verbo. Não somos todos iguais, não somos todos sujos, não somos todos corruptos.
O desafio deste ano eleitoral no Brasil será exatamente esse: o de mostrar as diferenças, para o bem, e para o mal.