Opinião

“A vaia na Dilma no jogo das confederações”, por Sandra Sueli Quezado Soares

Sandra QuezadoBrasília enfeitou-se toda para receber a seleção brasileira. Apesar dos transtornos que o primeiro jogo das confederações causou aos moradores do Distrito Federal, tudo foi superado pela visão bonita de famílias inteiras de mães, pais e filhos caminhando em direção ao Estádio Mané Garrincha, vestidos com a camisa verde amarelo, carregando lanches nas mãos, pois afinal tinham que chegar cedo e garantir o seu lugar na multidão. É impressionante que nem no dia da Pátria, sete de setembro o verde e amarelo predomina tanto quanto nos dias de jogo da seleção. É também uma das únicas oportunidades que o povo tem de ouvir um pedaço do hino nacional.

Quem não foi ao estádio, assistiu ao show da abertura e ao próprio jogo pela televisão. Tudo organizado, como um evento de primeiro mundo. O que poderia dar errado? Nada! Tudo sob controle. De repente, ouviu-se uma estrondosa vaia dos torcedores ao ser anunciada a presença da Presidente da República no Estádio. Visivelmente constrangido, o Presidente da FIFA, Sr. Joseph Blatter, perguntou para a torcida: “Onde está o respeito, onde está o fair play?”. Foi novamente vaiado. Coube à presidente, que não tinha onde enfiar a cara, apenas declarar a abertura dos jogos das confederações, antes rezando para que um buraco se abrisse no chão para que ela pudesse sumir daquela situação, ao ouvir uma mistura de vaias e aplausos.

Vaiaram a presidente por quê? Por falta de educação?  Ainda não se sabe. É possível que seja porque os moradores de Brasília não concordam com a maioria dos planos mirabolantes do PT e com a quantidade de dinheiro gasto no Estádio, mais de 1,2 bilhão.

Penso nas famílias, todas de amarelinho, caminhando juntas em direção ao estádio, por conta da proibição de carros no local… Não seria perfeito que a família caminhasse para um estádio tão bom, certa de que também poderia caminhar para um hospital público que prestasse um bom atendimento à população? Que após o dia do jogo, os seus filhos pudessem caminhar para  escolas bem construídas onde professores e alunos se respeitassem e se dedicassem apenas à arte de ensinar e aprender? Que a família não precisasse se preocupar com a falta de segurança pública, com os sequestros relâmpagos,  com o índice de homicídios que aumenta todo dia no Entorno de Brasília, com a morte dos jovens no trânsito, com a rota das drogas? Seria bom caminhar, também, com a certeza de que as mulheres estão mais protegidas e que morrerão menos nas mãos dos maridos e companheiros.

Brasília foi feita para ser uma cidade de primeiro mundo, com um estádio de primeiro mundo. Como seria bom ir ao Estádio Mané Garrincha se o povo tivesse acesso aos serviços públicos de boa qualidade.  Aí, não haveria razão para vaias. As vaias foram uma mensagem do povo brasiliense ao PT: não basta o pão e o circo.

A população presente no estádio vaiou a presidente Dilma, porque sabe da situação em que Brasília se encontra. No fundo, reconhece que apesar de gostare muito do futebol, de ter ido ao estádio porque ninguém é de ferro, o Estádio não era prioridade para a população de Brasília. Quando o jogo acabar, tudo virará abóbora e a família vai caminhar de volta para sua casa, com seus filhos, e rezar para que não precisem de mais nada a não ser chegar em casa são e salvos.

*Coordenadora Jurídica da Executiva do Secretariado Nacional da Mulher e Presidente do Secretariado Distrital do PSDB Mulher