Notícias

Rosiska: sociedade deve reconhecer relação trabalho-família equilibrada

Rosiska Darcy de Oliveira Foto DivulgacaoPresidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher durante o primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, com uma vida dedicada ao estudo das questões de gênero e à defesa dos direitos da mulher, a professora, escritora e jornalista Rosiska Darcy de Oliveira foi eleita, com grande votação, para a Academia Brasileira de Letras, em abril.
Em entrevista ao portal do PSDB-Mulher, a escritora fala sobre mulheres no mercado de trabalho, a importância da reorganização do cotidiano, tema de seu último livro e as conquistas das mulheres ao longo dos anos.

Por ter uma trajetória ligada à reflexão sobre o espaço das mulheres na sociedade, qual a importância da escolha do seu nome como nova integrante da Academia Brasileira de Letras?
Fiquei feliz e honrada, pois para uma escritora, essa é uma distinção inigualável. A presença da questão feminina nas minhas obras é total e vejo essa nomeação como símbolo de reconhecimento desse trabalho.

Qual é a situação da mulher na política hoje?
Estamos muito atrasados nesse quesito. Os dados da representação legislativa são desanimadores. Outra questão relevante é a participação das mulheres nos partidos e na sociedade. Temos um papel importante na construção da sociedade brasileira e da consolidação da democracia. Política não é só o Congresso, é a vida da “polis”, é a vida em sociedade, e as mulheres dão uma contribuição imensa, pois, entre outras coisas, lidamos com as questões práticas do dia a dia.

Como a mulher está se adaptando à nova realidade no mercado de trabalho, conciliando a vida em família, as tarefas domésticas e as exigências do mercado de trabalho?
Uma nova relação entre a vida privada e o mundo do trabalho se estabeleceu. No meu último livro, Reengenharia do Tempo, abordo esse assunto. Proponho uma nova relação, pois o mercado de trabalho está aberto às mulheres hoje desde que a vida privada não interfira na vida profissional.
Mas não se trata de um problema das mulheres. A sociedade é que deve reconhecer que a relação trabalho-família deve ser equilibrada. Esse equilíbrio é importante para que homens e mulheres possam assumir as tarefas. O problema é público de organização da sociedade, mudanças nas empresas, na vida cotidiana e nas relações de gênero.

Como a senhora vê o papel da educação n formação das novas gerações?
Eu me dediquei bastante ao problema educacional. Acredito que não há possibilidade de construirmos um país desenvolvido e justo sem que a educação ocupe lugar fundamental nas preocupações governamentais. A situação hoje é lamentável.
A aposta na educação é essencial às mulheres, que devem buscar o conhecimento e tentar melhorar suas qualificações para que não haja pretextos para que sejam preteridas ou não consideradas.

A senhora vem realizando trabalhos na área de sustentação ambiental. Como a mulher pode participar desse processo de desenvolvimento sustentável?
Participo de um grupo, Rede de Mulheres pela Sustentabilidade, que aposta no fato de que mulheres são melhores redefinidoras da sociedade, pois estão próximas ao consumo, e essa questão da sustentabilidade passa necessariamente pela revisão de hábitos de consumo e de comportamento.
Mesmo não sendo do ramo empresarial, faço parte também de um grupo de empresárias, que tem o papel de incentivar as empresas a reconsiderar a vida privada. Organizar o tempo de forma que homens e mulheres possam fruir tanto do trabalho quanto da vida privada. Essas empresas se tornarão sustentáveis.
É preciso haver essa articulação entre mundo do trabalho e vida privada.

Gostaria que falasse um pouco do seu trabalho e das conquistas alcançadas pelas mulheres nos últimos anos.
Eu me considero uma participante e protagonista dessa revolução que vem dando certo
Presidi o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher durante o primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. Lutei pela criação da Secretaria de Políticas para a Mulher, que ocorreu no último ano do mandato de FHC e foi ocupada pela estimada Solange Jurema. Desde então, um belo trabalho vem sendo realizado.
Muitas conquistas aconteceram. Uma revolução no Brasil se comparado há anos atrás. O mercado se feminizou, houve uma migração da vida privada para o espaço público, as famílias se transformaram, as mulheres ganharam liberdade. A ideia de igualdade, que não considerava a vida privada, complicou a vida das mulheres e agora é preciso reestabelecer uma nova realidade.