Que nós, mulheres, estamos expostas à violência sexual, de gênero, psicológica, financeira, já sabemos há muito tempo. Mas a violência política contra as mulheres tem aumentado consideravelmente em todo o país. Em cidades menores, onde o machismo ainda é muito forte, em que a política ainda é um meio muito masculino, a violência é mais escancarada.
Esta semana, a Câmara Municipal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, viveu um momento de violência política contra a mulher. Depois de se posicionar contra a atitude do chefe do Executivo, Alysson Bezerra, que entrou em um centro cirúrgico durante um procedimento ginecológico acompanhado de sua equipe de comunicação para anunciar a retomada das cirurgias pós-pandemia, expondo a paciente mulher que desconhecia o fato de uma equipe de filmagem estar ali, um vereador que defende o prefeito incondicionalmente procurou desqualificar a vereadora Marleide Cunha (PT) pelo simples fato de ser mulher.
Este não é um caso isolado na Câmara de Vereadores de Mossoró. Vimos recentemente o caso em que a vereadora Katiane Leite (PTB) teve o seu microfone tomado e a fala impedida pelo colega de Parlamento Emanuel Nascimento, na Câmara Municipal de Pedreiras, no Maranhão.
Na CPI da Pandemia no Senado, constantemente as parlamentares são atacadas e há tentativas recorrentes para buscar desacreditá-las. Normalmente, o que sempre ocorre é que quando fazem uso da palavra, as senadoras são interrompidas por meio da elevação do tom de voz masculino mais grave ou ainda com conversas paralelas, artimanhas para não darem eco ao que as parlamentares defendem.
Entre os avanços que as mulheres conquistaram está a Lei que estabelece regras para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher, sancionada sem vetos pelo presidente da República. De acordo com o texto, a criminalização de abusos e a determinação de enfrentamento a esse tipo de violência têm de estar presente nos estatutos partidários.
Mesmo com algumas vitórias, o número de mulheres na política ainda é muito aquém do ideal e o respeito dos homens da política também deixa muito a desejar para que tenhamos igualdade de gênero. Afinal, não é o gênero que faz com que a política seja melhor, mas a ética.
*Larissa Rosado é vereadora por Mossoró (RN) e presidente do PSDB-Mulher do Rio Grande do Norte