Brasília – As mulheres devem desempenhar um novo papel na estrutura da sociedade daqui em diante, sustentando suas famílias e configurando maioria nas empresas. Essa é a opinião da jornalista norte-americana Liza Mundy, autora do livro “O sexo mais rico”, que está sendo lançado no Brasil.
Para embasar sua afirmação, ela cita dados de uma pesquisa do Pew Research Center que diz que, nos Estados Unidos, 40% das mães são responsáveis pelo sustento de suas casas, além de existir um número crescente de mulheres que ganham mais que seus maridos. Segundo os dados, a parcela de homens que sustentavam a casa sozinhos caiu de 35%, em 1967, para 18% em 2009. Atualmente, o número de mulheres empregadas chega a 66 milhões. Em 1970, eram 30 milhões.
As deputadas federais Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Andreia Zito (PSDB-RJ) acreditam que os números são um sinal de que a histórica desigualdade entre homens e mulheres tem sido revertida nos últimos anos.
“Uma coisa curiosa, que me chama a atenção, é que na periferia de São Paulo, por exemplo, a maioria de lideranças de comunidades é formada por mulheres. Elas estão assumindo um papel, muitas vezes sem tanta consciência do poder de liderança que têm. Isso se reflete na política, e também na empregabilidade”, diz Gabrilli.
“Os últimos dados de pessoas com deficiência, por exemplo, mostram que no quesito emprego, homem e mulher já estão quase par a par. Tenho certeza que estamos crescendo. A vida das cidades tem levado a uma independência maior, porque existem vários recursos para que as mulheres continuem sobrevivendo, criando seus filhos sem ter que passar o dia inteiro em casa, com as crianças indo para creches e escolinhas”, afirma.
Caminho a percorrer
Apesar da crescente participação feminina no mercado de trabalho, por conta de maiores níveis de escolaridade, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada no ano passado, mostram que as mulheres ainda recebem, em média, 70% da remuneração masculina. Além disso, a taxa de ocupação de cargos de chefia também é muito baixa: apenas 23% na presidência de empresas ou posições similares. Enquanto isso, uma em cada cinco trabalhadoras brasileiras são empregadas domésticas.
Para a tucana Andreia Zito, as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer. “A questão da valorização da mulher é um tanto quanto fictícia. No mercado de trabalho do Brasil é assim. O número de mulheres trabalhando e ocupando postos, por conta das dificuldades sociais, é muito grande, mas o salário é reduzido. A gente percebe que existem muitas mulheres trabalhando como diaristas, domésticas”, aponta.
“Acho que está havendo um avanço muito grande, mas ainda a passos lentos. Ainda tem muita coisa para se fazer para garantir nossas conquistas em relação à discriminação”, completa.