2ª vice-presidente do Secretariado Nacional da Mulher
Existe um forte desengajamento cívico no país.
Complexa e trabalhosa, a democracia nos ensina que o agir conjunto não é nada fácil, pois exige organização e desprendimento. Para um rumo no querer coletivo é necessário muita energia para captar demandas e organizá-las, além da elaboração de estratégias e prioridades de ação.
Não é novidade que os pilares da nossa democracia estão colocados contra a parede, com uma enorme desconfiança quanto ao funcionamento de nossas Instituições, principalmente, os três poderes e os partidos políticos.
O sistema representativo está ficando longe da voz das ruas e há dúvidas se realmente estaríamos representados e se os verdadeiros movimentos sociais participam deste cenário.
Com a confiança abalada, a base da cooperação se corrói e sabemos que cooperar traz benefícios a todos. Desconfiança é até salutar, mas o perigo é a descrença que já encontramos nos olhos de tantos brasileiros.
Se as Instituições surgem dos homens, será preciso redesenhar a confiança, principalmente no que diz respeito à reformulação do cenário, para maior inserção dos movimentos sociais, sem falsas promessas e não permitindo que se ajoelhem diante do governo.
O estado de bem-estar não pode consistir em apenas atender às necessidades dos pobres, pobres esses que são criados pela política e aprisionados por um estado interventor, que retira da sociedade a sua responsabilidade.
Com o assistencialismo desenfreado, as famílias deixam de cumprir seus deveres e a sociedade perde a mobilização para a prática do coletivo.
Pobres são empobrecidos permanentemente, pois recebem o que comer, são isolados do processo educacional e se endividam com o crédito caro e fácil.
Precisamos, mais do que nunca, de políticas emancipatórias e isto se faz com imenso investimento no processo educacional, que deve ser extremamente fortalecido no ensino fundamental. Isto se faz com liberdade para a sociedade civil que, organizada, fortalece as Instituições.
Chega de cortina de fumaça!