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Filmes de Chantal Akerman, ícone do feminismo no cinema, serão destaque em exposição

Parte das produções da cineasta belga Chantal Akerman (1950-2015) serão exibidas na exposição “Tempo expandido”, no Rio de Janeiro. Chantal é conhecida por abordar o feminino em suas obras e elementos como a memória e a passagem do tempo em filmes como “Jeanne Dielman” (1975), “News from home” (1977)” e “No home movie” (2015).

A abertura da exposição foi nesta segunda-feira (26) no Centro Cultural Oi Futuro Flamengo. A mostra de curadoria de Evangelina Seiler ocupa três andares do centro cultural com quatro videoinstalações. A partir das experiências pessoais da diretora, as obras criam uma relação direta com o tempo da ação que é projetada, assim como nos filmes.

“Ela costumava dizer que não gostava de ouvir as pessoas falando que “nem sentiam” um filme passar, para ela era como se este tempo tivesse sido roubado do público. Nas instalações também há um tempo próprio, com o qual o espectador se relaciona à medida do seu interesse. Mas nada é imposto, a força das imagens e a expectativa do que pode acontecer acabam criando este envolvimento.”, observa Evangelina.

A negociação da exposição começou a ser feita em 2014 com a própria Chantal pelo produtor Beto Amaral. No ano seguinte, Chantal Akerman se suicidou, o que levou ao adiamento da produção. Há cerca de um ano, com supervisão da editora Claire Atherton que trabalhou com a cineasta por mais de 30 anos, Evangelina começou a montar a curadoria.

“Sempre tivemos uma maneira única de trabalhar, em cada filme descobríamos um novo método. Chantal seguia muito a sua intuição enquanto filmava, frequentemente descobríamos sentidos ou a importância de um tema enquanto víamos as imagens. Falávamos pouco sobre o significado das sequências na sala de montagem, ela apenas dava nomes simples para descrever as cenas, não era nada complexo.”, relembra Claire, que está no Rio acompanhando a montagem.

Chantal recusava o título de “cineasta feminista” para não se vincular a nenhum rótulo que pudesse limitar seu trabalho. Em um de seus primeiros filmes, “In the mirror”, uma jovem analisa seu corpo detalhadamente em frente ao espelho. Para Evangelina, a cineasta refletia nos seus filmes suas próprias experiências. Claire analisa que as experiências vividas pelo espectador também podem ser o reflexo de como ele irá apreciar a exposição.

“Nas duas linguagens, a edição envolve a junção de imagens, mas no caso das instalações acrescentamos uma dimensão a mais, a do espaço. É algo mais aberto, em que o público pode buscar um novo sentido quando passa de uma obra para outra, fazendo conexões entre elas. Cada experiência é única.”, avalia Claire.

A mostra fica em cartaz até dia 27 de janeiro no Oi Futuro do Flamengo.

*Com informações do Jornal O Globo