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Com alta do desemprego, 80 mil alunos deixam de ingressar em faculdades privadas

Em meio ao aumento do desemprego e a perda de renda da população, o número de calouros nas universidades privadas caiu 5% no primeiro semestre deste ano. Levantamento feito pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) com 99 instituições do país aponta que 80 mil alunos deixaram de ingressar no ensino superior particular em cursos presenciais neste ano. As informações são do jornal O Globo desta terça-feira (24).

De acordo com o estudo, a situação piora no Sudeste. Considerando apenas Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, a queda de matrículas de calouros foi ainda mais drástica: 25,7%.

A deputada estadual e pré-candidata à reeleição Terezinha Nunes (PSDB/PE) lamentou o cenário de evasão de alunos e afirmou que, para ela, o fraco quadro econômico atinge em cheio esses jovens, que, muitas vezes, são obrigados a deixar o estudo de lado para ajudar a família.

“É uma situação muito grave e difícil de se recuperar. Esses jovens planejam ficar quatro anos em uma faculdade para, em seguida, entrar no mercado de trabalho. De repente, por circunstâncias externas, esses sonhos são interrompidos. A grave situação econômica é grande responsável por essa queda, que frustra tantos jovens hoje”, afirmou.

Especialistas ouvidos pela reportagem explicam que, com a economia crescendo pouco neste ano, a lentidão na criação de novas vagas de trabalho e a redução dos programas de financiamento estudantil, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), não haverá reversão desse movimento de evasão em 2019.

A tucana destaca que, no interior do país, o cenário não é diferente e preocupa os gestores estaduais e municipais.

“Muitas cidades pequenas têm aula à noite porque estudantes de vários municípios vizinhos vão para esses locais para poder frequentar uma faculdade. Isso movimento o comércio, cria interação entre esses estudantes. Agora, já tenho informação de que muitos prefeitos que asseguravam transportes para esses estudantes agora estão reduzindo esse serviço porque o número de alunos caiu muito”, disse.

Ainda segundo o jornal, o movimento de fuga de ingressantes nas universidades privadas detectado pela pesquisa do Semesp começou em 2015, ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), quando a recessão começou a ganhar corpo no país.

O efeito se repetiu em 2016 e 2017, anos de baixo crescimento da economia e fechamento de vagas de trabalho, e acumula pouco mais de 20% desde então. Em 2014, o número de calouros que ingressaram nas faculdades particulares foi de 1,88 milhão, enquanto neste ano ficou em 1,5 milhão. Quando se toma toda a base de alunos matriculados no ensino superior privado, de 4,6 milhões, a redução de matrículas, no primeiro semestre deste ano, foi de 1,6%.

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