Brasília (DF) – Em meio à incerteza da população com a política brasileira, as mulheres são as que mais sentem o peso da crise econômica, política e da crise de segurança vivida pelo país nos últimos anos. A afirmação é do professor de Ética e Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo deste sábado (14), o docente explica o cenário de queda da confiabilidade do eleitor nas instituições de Estado e nos partidos políticos e como as mulheres são as principais afetadas por isso.
De acordo com Romano, os dramas cotidianos são sentidos de forma mais pungente pelas mulheres, levando à falta de confiança na hora do voto.
“As mulheres têm que se preocupar com várias pautas ao mesmo tempo, com o marido desempregado, dela própria desempregada, dos filhos, da recessão batendo, dos alimentos aumentando, dos serviços como água e luz subindo. Dá para entender porque elas não estão confiando nas ações políticas, nos partidos e nas instituições”, afirmou.
Na avaliação do professor, é necessário quebrar com esse ciclo de corrupção vivido pelo país nos últimos anos questionando a estrutura do Estado supercentralizado no Executivo, a falta de isonomia dos poderes e a perda de capacidade de retorno dos impostos para os municípios.
“Aí nasce uma grande fonte de corrupção. Quando o presidente assume o poder, para se manter ele precisa criar uma base, que cobra o retorno de impostos para os municípios sob forma de emendas parlamentares. Em uma verdadeira federação, os impostos devem sair do município, ir para o Estado e para o poder central, para depois retornar. Isso é o que não existe no Brasil. É preciso acabar com essa fábrica dos intermediários e essa política do é dando que se recebe”, completou.
*Com informações do UOL.