Brasília (DF) – Apesar das recentes conquistas feitas em prol da participação de mulheres na política, como a destinação de 30% do fundo eleitoral para suas candidaturas, a representatividade feminina na vida pública ainda passa por diversas dificuldades. O jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (16) mostra que o cenário é desafiador. Em 2014, apenas 51 mulheres foram eleitas para a Câmara dos Deputados, menos de 10% das vagas. O número não é muito superior ao de 1994, quando não havia a ação afirmativa e as mulheres eleitas representaram 6,24% dos cargos.
Segundo a reportagem, são muitos os problemas que barram a ascensão feminina na política, reflexo da cultura da sociedade brasileira em relação à participação da mulher em atividades tidas como essencialmente masculinas.
Para a presidente de honra do PSDB-Mulher, Solange Jurema, o caminho a percorrer ainda é longo e medidas como a política de cotas são positivas, mas não suficientes sem toda uma estrutura mais igualitária.
“Só o fato de colocar 30% de mulheres sem dar o mesmo espaço de poder não adianta. Existe uma série de componentes que não deixam as mulheres ascenderem na política. Está faltando muita coisa no Brasil. Só colocar cotas não resolve. Temos que colocar cotas e dar oportunidades”, afirmou.
De acordo com a reportagem, essa situação só deve melhorar quando houver maior participação feminina nas estruturas partidárias. Das 35 siglas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), somente quatro têm mulheres na direção nacional.
A maior parte dos partidos busca as suas candidatas para o cumprimento da cota às vésperas das convenções e não investem em suas campanhas. Segundo o TSE, 16.131 candidatos não receberam votos em 2016, sendo 90% mulheres.
O jornal aponta que, considerando que somente a reserva de vagas não produz resultados, já se trilha outro caminho. Tramita no Congresso a PEC 134/2015, que prevê a reserva de cadeiras para mulheres na Câmara Federal, nas Assembleias e Câmaras municipais.
Na avaliação de Solange, o cenário é “grave” e precisa de mudanças urgentes. Segundo ela, a falta de políticas sociais que amparem mulheres é o fator que mais impede a ascensão feminina na política.
“As direções partidárias nunca priorizaram os quadros femininos dos partidos. São essas pessoas que acreditam que mulheres não querem saber de política. Falta estrutura de creche, de escola em tempo integral para que possamos nos dedicar mais à política. Esses países que possuem mais mulheres na política são os que têm políticas sociais mais avançadas, onde as mulheres têm mais oportunidade. Essa oferta é essencial para nós”, avaliou.