“A virtude está no meio entre dois vícios “, escreveu o filósofo grego Aristóteles no seu livro Ética e Nicômano, demonstrando, o que vem se confirmando até hoje, que os extremos, em qualquer atividade humana, produzem excessos difíceis de corrigir.
Até hoje o ensinamento aristotélico é interpretado com os olhos voltados para a política mas ele se referiu a todas as situações em que os extremos se apresentam inclusive em relação ao medo que, se é demais paralisa, e de menos, pode nos levar à intempestividade.
No Brasil, não só na política mas inclusive nos costumes, estamos vivendo a experiência do choque entre os contrários, dando a impressão de que o abismo nos espera e que o túnel não tem fim.
A Internet e a liberdade que ela permite de todos dizerem o que bem entendem em frases curtas que não permitem o “mas” ou o “porém” vem produzindo um nível de intolerância preocupante.
Com a proximidade de uma eleição presidencial em um momento tão conturbado como o que estamos experimentando, onde a política foi posta em xeque, mergulhada que está em um mar de corrupção, o caldeirão foi destampado e uma fumaça escura turva a vista e impede a visão nítida, tão necessária aos que desejam pisar em terra firme e decidir pelo bem.
Nunca se precisou tanto seguir o pensamento de Aristóteles. Se neste momento os radicais de esquerda e direita se digladiam e deixam os reles mortais atordoados sem saber por onde seguir, a sobriedade, a justeza, a prudência, a sabedoria – virtudes teologais – precisam abrir caminho para que em outubro a vitória seja do povo brasileiro.
E o povo brasileiro, mesmo em momentos em que precisou se expressar de forma mais dura, logo deu lugar à tolerância, ao respeito e à convivência saudável entre os contrários.
E o que está faltando? Para dar a resposta talvez precisemos seguir outro ensinamento, este do líder negro norte-americano Martin Luther King que disse certa vez: “o que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.
O silêncio dos bons, dos sábios, precisa ser ouvido em todos os lugares. Nos lares, nas ruas e, sobretudo, na Internet para que o meio prevaleça e o radicalismo possa ser expressado como contribuição e respeito e não como única saída, como está parecendo agora.
*Terezinha Nunes é segunda secretária nacional do partido e presidente do PSDB Mulher de Pernambuco