Os relatos de assédio e abuso sexual no transporte com carros particulares se espalham pela internet e mudam o comportamento das usuárias de transporte. Aos poucos, os aplicativos mais populares atenderam às demandas e buscam meios de garantir mais segurança para o público feminino oferecendo serviços prestados por mulheres para mulheres.
Já há serviços disponíveis em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro no que se refere ao Uber, Cabify e 99 Táxis. Há, ainda, serviços como o “Táxi Rosa”, que oferece transporte feito só por mulheres ao volante, e a Femitaxi, que também conta com motoristas femininas.
Também há campanhas de conscientização com os motoristas homens até inclusão de uma frota específica de carros dirigidos por mulheres.
O 99 Táxis lançou, em setembro, a opção “motorista mulher”. De acordo com a empresa, mais de 70% de suas usuárias já usaram essa alternativa. O serviço está disponível em São Paulo, Rio de Janeiro e Santos. No início do ano, a empresa também realizou treinamentos com seus motoristas em parceria com o coletivo feminino “Vamos juntas”.
Pesquisa, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em 2016, sobre o perfil dos taxistas no Brasil revelou que 97,3% eram homens. O estudo entrevistou motoristas em regiões metropolitanas de 12 estados do país. O estudo mostrou ainda que metade dos profissionais que trabalham na área tem entre 30 e 49 anos.
Orientações
Assédio sexual não é paquera, nem elogio. É uma manifestação de cunho sexual independente da vontade da pessoa a quem é dirigida. Podem ser palavras ou gestos que exponham a mulher ou a façam se sentir invadida, ameaçada ou encabulada.
Entre diversas manifestações que podem ser encaradas como assédio, destacam-se comentários sobre o corpo da mulher e contato físico forçado; ações como puxar o cabelo, o braço e a roupa sem o consentimento da mulher. Passar a mão no corpo da mulher sem o consentimento dela, olhá-la fixamente e insinuar excitação também configuram assédio.
O assédio pode ocorrer em qualquer lugar — rua, ônibus, táxi, escola, ambiente de trabalho, festa.Não há um local específico para que ele se manifeste. Mulheres de todas as idades e até crianças sofrem assédio diariamente no Brasil. Segundo pesquisa divulgada pela ActionAid, 86% das mulheres brasileiras já passaram por isso em público.
A denúncia pode ser feita a um policial próximo, em uma delegacia, ou ainda pelo telefone 180. É importante denunciar para autoridades, empresas de ônibus ou de aplicativos de transporte, para aumentar as chances de que a pessoa seja identificada e também para ajudar na conscientização . Se vir uma mulher sendo assediada, mostre-se ao lado dela.
Não há, no Brasil, um crime que corresponda ao assédio de rua. A figura penal que mais se aproxima é contravenção (que é um delito de menor potencial ofensivo, e penas muito baixas) de importunação ao pudor. O assédio acaba não se encaixando em nenhum crime previsto, fazendo com que ele seja ignorado pelo sistema judiciário.
*Com informações de O Globo, O Povo e UOL.