Na semana em que é celebrado o Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, acompanhamos horrorizadas aos assassinatos de Laíses, Genis e Elizabtehs e certamente outras tantas que não soubemos. Mulheres mortas por seus ex-parceiros. Antes, elas se queixaram das ameaças, das agressões e dos abusos. Mas, mesmo assim, foram vencidas pela violência.
O que fazer? É a pergunta que não me sai da mente. A solução? Só vejo uma: educação. É por meio da educação, a começar nas escolas com as crianças ainda pequeninas, que mudanças velhos costumes e hábitos culturais. É transformando a maneira de pensar e agir de uma criança que ela não vai repetir o que vê em casa. Do contrário, a sequência de erros jamais terá fim.
Pesquisa, feita pela Universidade de São Paulo (USP), mostra que o investimento de 1% na educação impacta a 0,1% do índice de criminalidade que é reduzido. Pelo estudo, é a potencialidade do ensino que possibilita diminuir o quadro dramático de violência no país. Se uma criança aprende como respeitar, preservar e lidar com os direitos dela e do outro, certamente será um adulto melhor.
Pela minha experiência lidando com o Direito e políticas públicas, posso dizer: o agressor também é vítima. Não estou justificando. Jamais! Estou apenas dizendo que ele precisa de tratamento. Muitas vezes o homem que agride porque aprendeu que esta é a forma que se deve tratar uma mulher. Só que o comportamento doentio dele causa danos, muitas vezes, irreparáveis para todos – para a família e quem está ao seu redor.
O homem agressor destrói a família, adoece os filhos e parentes, que são levados à depressão e outros males. Aos poucos, esse mesmo homem é o responsável por um efeito em cadeia que transforma a sociedade em algo cada vez mais frágil e desestruturado.
Ninguém está imune à violência doméstica. Nas classes mais favorecidas, o silêncio predomina porque a vergonha inibe e atua como cúmplice. Exemplo disso vimos agora com Harvey Weinstein, um dos produtores mais conhecidos e influentes de Hollywood, obrigado a abandonar a empresa de cinema que fundou por denúncia de assédio sexual.
Nada pode passar em vão. Os dados são alarmantes: a cada três mulheres, uma já sofreu algum tipo de violência só no Brasil. Em 61% dos casos, o agressor é um conhecido, segundo o Datafolha. Até quando vamos conviver com isso?
Precisamos fazer a nossa parte: denunciar, sim. Mas também incluir nas escolas as lições sobre o bom convívio entre homens e mulheres, o respeito aos direitos de todos, e a cultura da não-violência. Se cada um fizer sua parte, certamente estaremos contribuindo para uma sociedade mais saudável e feliz.
*Presidente nacional do PSDB Mulher e ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas Públicas para Mulheres no governo Fernando Henrique Cardoso.