A desigualdade educacional entre meninos e meninas em nível mundial atingiu um patamar preocupante, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Em visita ao Chile, a diretora da entidade, Irina Bokova, alertou que só 40% dos países conseguiram alcançar a paridade na educação primária e que pelo menos 62 milhões de meninas no mundo não têm acesso à educação.
Bokova destacou ainda que dois terços dos 758 milhões de adultos analfabetos do mundo são mulheres, o que “prejudica todas as sociedades, freia o desenvolvimento e mina os esforços de paz”, acrescentou. Ela também demonstrou preocupação com os obstáculos encontrados pelas meninas para acessar a educação. “A falta de escolaridade é uma das principais causas de exclusão social em muitas comunidades” disse.
A coordenadora de relações internacionais do PSDB-Mulher, Sebastiana Azevedo, atribui a grande diferença educacional entre gêneros ao machismo ainda existente na formação dos educadores.
“Os professores ainda vêm de um modelo educacional machista e ultrapassado. As próprias mulheres educadoras ainda seguem um modelo que subestima o sexo feminino. É preciso trabalhar a questão educacional com urgência”, advertiu.
A tucana ressaltou ainda que o fator cultural contribui para a segregação entre homens e mulheres na educação. “O preconceito está enraizado na cultura. Por exemplo: se o pai tem que priorizar a educação de algum filho, na maior parte das vezes, os meninos são escolhidos. Há uma cultura machista que diz que o filho deve ser o provedor e a menina deve cuidar dos afazeres domésticos. Infelizmente muitas famílias ainda pensam assim”, lamentou.
Quando questionada sobre as soluções para o problema, Sebastiana afirmou que é preciso priorizar a educação e começar a mudança na formação dos educadores para que a educação no mundo seja despida de preconceitos. “Quem forma os formadores? Quem são essas pessoas que estão disseminando este preconceito? É preciso pensar nisso e fazer uma análise da raiz do problema para então agir e mudar este paradigma”, disse.
No entanto, a tucana não demonstrou otimismo no que se refere a mudança rápida deste cenário. “Para a sociedade eliminar esse preconceito é preciso um trabalho muito forte de conscientização e mudança de cultura, o que levará muito tempo. Infelizmente não vamos conseguir isso me pouco tempo e ainda está muito longe de alcançarmos a paridade de gênero na educação”, concluiu.