Vai e volta, a notícia é sobre alguma guerra. O velho. De novo? Pois é o que inunda as notícias da imprensa depois da recente e inesperada ação patrocinada pelo novo Presidente dos Estados Unidos de bombardear uma base militar na Síria depois da notícia do uso (de novo?) de armas químicas naquele país, em guerra civil que já causou mais de 400 mil mortes desde o seu início em 2011.
Tal número contabilizado de mortes não assombra o Brasil, cujo número de mortes por causas violentas desde então não é menor – pelo contrário. Pelas estatísticas brasileiras, é maior no período de 2011 e 2015. Só em 2015 foram mais de 58 mil em 2015, e mais de 60 mil em 2016. Estamos com esse retrospecto em guerra civil, dizem alguns, devido à organização do tráfico de drogas, a sociedade cada vez mais violenta como atestam os assassinatos de mulheres e crianças no âmbito doméstico, e a leniência com o trânsito. Tristíssima realidade, que tem clamado por políticas públicas na área, bem como registrado um sem-número de iniciativas da sociedade buscando ações de prevenção à violência, inclusive com alertas sobre as causas dessa escalada mostrada pelas estatísticas.
Em muitos casos publicações, opiniões, e ações, fala-se da necessidade de fomentar uma cultura de paz para contrapor a essa cultura de violência própria de uma sociedade permissiva e intolerante, na qual as diferenças dão vaza a manifestações de preconceitos de toda ordem: raça, gênero, opção sexual. Confunde-se diferenças entre pessoas com superioridade e inferioridade, e a partir daí no comportamento das pessoas, na lei, ou na sua aplicação, cria-se uma hierarquia entre as essas mesmas pessoas diferentes entre si, reproduzindo e perpetuando injustiças que se necessita reduzir ou vencer. À cultura da dominação de uns sobre outros, busca-se contrapor uma possível “cultura da paz”. Os seres biológicos evoluem, criando os instrumentos de que necessitam para sobreviver. Uns conseguem, outros não – a teoria da evolução é farta nos exemplos, e nos canais de TV ligados ao tema. Tempo dos dinossauros, extintos, tempo dos homens – para onde caminham?
Antes de tentar achar a resposta, uma coisa é certa. À hierarquizada sociedade da dominação se pode contrapor a construção de uma sociedade de parcerias. Não uns contra os outros, e sim uns com os outros. A evolução das sociedades não é natural, é construída. Para evoluir, só há um caminho que é o que nos afaste da violência e promova a paz. Papel para cada pessoa, papel para o setor público, ao definir suas prioridades e políticas econômicas, sociais, ambientais.
Dica da semana: série de Spielberg e Netflix, na mesma, Five Came Back (Cinco Voltaram). Imperdível para os tempos difíceis – e que já o foram mais.
(*) Yeda Crusius é professora Universitária, economista, comunicadora, consultora. Como política ocupou os cargos de Ministra do Planejamento e, como eleita, está no quarto mandato de Deputada Federal, e Governadora do RS.
Fonte: PSDB na Câmara