Opinião

“Pernambuco ficou a dever às suas mulheres”, por Terezinha Nunes

A história de Pernambuco é permeada de heroínas e mulheres marcantes que, através dos tempos, fixaram seus nomes no cenário político e cultural do estado. Já no Brasil Colônia a Dra. Brites Albuquerque, esposa de Duarte Coelho, administrou por anos nossa capitania , a mais próspera do Império, tendo seu nome registrado hoje como a primeira mulher a assumir cargo público relevante na América do Sul.

Em 1646, o feito heroico das mulheres de Tejucupapo, impondo a última derrota aos invasores holandeses, ficou consagrado como exemplar e é citado, nacionalmente, nos estudos sobre a participação da mulher na formação histórica brasileira.

Era de se supor, pelos exemplos acima e tantos outros como o da nossa Dona Santa, a famosa Rainha do Maracatu, de nossas escritoras, artistas, artesãs e militantes da resistência democrática, que a participação das mulheres pernambucanas na política fosse, nos tempos atuais, das mais importantes do país.

Mas , infelizmente, não é o caso. Ao contrário de muitos outros estados – inclusive nordestinos – onde mulheres já se elegeram prefeitas de capitais, senadoras e governadoras, Pernambuco expõe-se ao vexame de ter uma bancada de 25 deputados federais com apenas duas mulheres, uma delas suplente, o que nos coloca entre as bancadas femininas numericamente inferiores no Congresso Nacional.

Seriam os pernambucanos excessivamente machistas ou as nossas mulheres não têm demonstrado a mesma capacidade dos homens neste mister?

Na verdade, embora tenhamos poucas mulheres candidatas, o que é comum em outros estados do país, as mulheres pernambucanas que lá chegaram, e vamos nos ater à Câmara Federal, não decepcionaram. Pelo contrário, em suas áreas de atuação, são exemplos a serem seguidos.

A primeira delas, Cristina Tavares foi, em sua época, apontada pela imprensa nacional como uma das parlamentares mais atuantes no país. A ministra Ana Arraes também se destacou e acabou ministra do TCU e Luciana Santos é hoje presidente nacional do seu partido, o PCdoB.

Apesar disso, a pouca representatividade feminina em nossa política é inominável. Na Assembleia Legislativa das 49 cadeiras, apenas sete são ocupadas por mulheres e o mais recente levantamento sobre a eleição de 2016 realizado pelo Projeto Mulheres Inspiradoras demonstra que Pernambuco ficou em 19.o lugar no ranking nacional dos estados no que se refere ao percentual de vereadoras eleitas.

No Nordeste ocupamos o oitavo lugar. Só conseguimos ganhar para a Bahia. Enquanto em estados como Rio Grande do Norte 21,22% dos vereadores eleitos são mulheres e Maranhão, Piauí, Ceará e Sergipe elegeram entre 16 e 17% de vereadoras, Pernambuco restringiu-se a um percentual de 12,46%. A Bahia ficou com 12,21%, e Alagoas e Paraíba, 14,78 e 13,84% respectivamente.

Restou-nos pelo menos uma alegria: a de observar que cidades pequenas acabaram sendo exemplo da sensibilidade feminina. Dormentes, no alto sertão, elegeu seis vereadoras e Calumbi e Bom Conselho elegeram cinco.

Vamos precisar aprender com elas.

*Terezinha Nunes é deputada estadual e presidente do PSDB Mulher-PE. O artigo está publicado no Blog de Jamildo desta sexta-feira (31)