Opinião

“A educação avança”, por Solange Jurema

Foto: Tania Ribeiro
Foto: Tania Ribeiro

Foto: Tania Ribeiro

Envolvida com a crise político-jurídica que o país vive diariamente, a mídia não deu muito espaço para uma grande decisão da Câmara dos Deputados, a aprovação da reforma do ensino médio, depois de quase dois meses de intenso e acalorado debate, às vezes sem muito sentido.

Digo isso porque havia um consenso no país de que o nosso sistema educacional, especialmente o do ensino médio, estava falido e precisava de uma urgente reforma para estimular os nossos jovens ao estudo e a aproveitar de maneira mais efetiva e prática os ensinamentos recebidos nos bancos escolares.

O governo Temer teve a coragem de acelerar esse processo de discussão e torná-la produtiva com o encaminhamento de uma medida provisória reformulando o já arcaico sistema educacional do ensino médio, como escrevi, já condenado por todas as forças políticas e correntes pedagógicas nacionais.

Só havia um consenso: como estava, o sistema era inviável e condenaria nossos jovens à má educação e formação.

No entanto, como a atual “política” brasileira está irremediavelmente contaminada e dividida entre o “pró” e os “contra” qualquer coisa, a oposição e alguns de seus ilustres representantes na educação resolveu atacar a reforma encaminhada pelo presidente Michel Temer.

Essa discussão, por vezes insana, me remeteu aos idos das décadas de sessenta e setenta do século XX, quando se discutia e combatia no Brasil o famoso acordo MEC-USAID, entre os governos brasileiro e norte-americano, sem muita profundidade e muita ideologia.

Vivia-se nos tempos de guerra fria, do regime militar no Brasil e isso impregnou a discussão com a ausência de um rigor científico, pedagógico e técnico indispensáveis para encarar as dificuldades da educação brasileiras de então.

Naqueles tempos, assim como agora, debateu-se muito, criticou-se muito, na maioria das vezes sem consonância com a realidade do sistema educacional que se pretendia mudar. Falou-se mal do que sequer se compreendia exatamente, como na atual discussão da reforma do ensino médio.

Não há como não haver uma reforma do atual modelo. Ele é antiquado, retrógrado e ineficiente. A taxa de evasão escolar é altíssima, a formação inadequada e o ensino ineficaz e distante do mercado de trabalho para o jovem que pretende se profissionalizar a nível técnico.

Os recentes resultados do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o PISA em inglês, mostram a queda do Brasil no ranking mundial e na pontuação em três áreas avaliadas e fundamentais para o bom desenvolvimento do estudante brasileiro: ciências, leitura e matemática.

Aprovada na Câmara dos Deputados, com a inclusão de artes, educação física, filosofia e sociologia como disciplinas obrigatórias nos três anos na Base Nacional Comum Curricular, a medida provisória segue para o Senado, onde se espera que sua aprovação repita a mesma tramitação ágil e democrática que recebeu na outra casa legislativa nacional.

Os milhões de jovens estudantes brasileiros precisam de um novo ensino médio para desenhar, com segurança e tranquilidade, o seu próprio destino profissional.

A discussão é séria e afeta o futuro da nossa juventude e do Brasil como nação.

*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB