O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, perguntou à presidente afastada Dilma Rousseff, nesta segunda-feira (29/08), em julgamento do Senado Federal, se ela sente-se responsável pela crise econômica e social que atinge o país, com 12 milhões de desempregados. O questionamento foi feito durante depoimento da presidente na fase final do julgamento do seu processo de impeachment por crime de responsabilidade no uso de dinheiro público.
“Em que dimensão Vossa Excelência e seu governo se sentem sinceramente responsáveis por essa recessão, pelos 12 milhões de desempregados no Brasil, por 60 milhões de brasileiros com suas contas atrasadas e uma perda média de 5% da renda dos trabalhadores brasileiros?”, perguntou o senador Aécio Neves durante o depoimento de Dilma aos senadores.
Aécio Neves foi o 11º parlamentar a questionar a presidente afastada nesta fase final do julgamento do impeachment pelo Senado. O depoimento de Dilma Rousseff começou às 9h da manhã desta segunda-feira e deve ser concluído apenas no fim da noite.
Ilegalidades
O senador começou seu questionamento respondendo à fala da presidente afastada, em que ela, em pronunciamento, essa manhã, responsabilizou o PSDB pelo agravamento da situação econômica do Brasil, no início de seu segundo mandato.
“Em primeiro lugar, quero dizer, Sra. presidente, que não é desonra alguma perder eleições, sobretudo quando se defende ideias e se cumpre a lei. Não diria o mesmo de quando se vence as eleições faltando com a verdade e cometendo ilegalidades. V. Exa. aponta para o partido que eu presido ao culpá-lo pela ação iniciada no TSE, mas esquece de dizer ao país que foi o Pleno daquele tribunal, a mais alta Corte eleitoral do Brasil que, por maioria dos seus membros, abriu uma ação investigativa em relação às contas de campanha de V.Exa. por encontrar ali, segundo perícias mais atuais, inúmeras ilegalidades”, afirmou Aécio.
O presidente do PSDB também relembrou os alertas econômicos feitos por ele na campanha presidencial de 2014.
“No dia 1º de setembro, exatos dois anos atrás, em debate numa rede de televisão, perguntei à Vossa Excelência quais medidas V. Exa. tomaria para controlar a inflação, já renitente naquele instante, apesar dos preços controlados artificialmente pelo governo. Abro aspas para a resposta de V. Exa.: “A inflação está próxima de zero, mas sempre tem os pessimistas de plantão”. E o que ocorreu? Inflação em 2015 de 10,6% e nos últimos dois meses a de alimento de 16%, retirando, aí sim, da mesa do trabalhador, aqueles pratos de comida que tão competentemente o seu marqueteiro João Santana apresentou ao Brasil”, criticou.
Aécio Neves frisou ainda que a vitória nas urnas não dá ao governante um salvo conduto para descumprir as leis do país. Ele destacou que a presidente está sendo julgada por ter descumprido a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição Brasileira, ao ter editado decretos sem autorização do Congresso Nacional e ao ter transferido aos bancos públicos responsabilidades em arcar com gastos que eram do governo.
“Vejo que V. Exa. recorre permanentemente aos votos que recebeu como justificativa para todas as atitudes que tomou. O voto, sabemos todos, sra. presidente, não é um salvo-conduto. Ele é uma delegação que pressupõe deveres e direitos, e o maior dos deveres de quem recebe votos é exatamente o respeito às leis, o respeito à Constituição”, afirmou o senador Aécio Neves.