O frágil, porém, resistente corpo de uma mulher, atleta de 1,66 de altura e 51 quilos, oficial do Exército brasileiro, carregará a bandeira nacional na abertura das Olimpíadas Rio 2016 e mostrará para todo mundo a força da presença feminina no Brasil, inclusive no esporte.
Da distante Afogados de Ingazeira, cidade com um pouco mais de 40 mil habitantes encravado no sertão pernambucano, veio o exemplo de mulher guerreira que superou todos os desafios para se impor ao mundo como uma das três maiores atletas do pentatlo moderno, medalha de bronze das Olimpíadas de Londres em 2012.
A conquista feminina como porta-estandarte nacional nos remete necessariamente a questão do empoderamento da mulher em todos os campos da sociedade brasileira, especialmente na política.
Não há mais quem no Brasil que desconheça a necessidade e a importância de um maior empoderamento da mulher na política brasileira, seja nos partidos ou nos parlamentos e cargos executivos das três instâncias de poder da Federação.
Seja do ponto qualitativo – por suas lutas especificas para o fim do preconceito, da discriminação e da violência contra a mulher – seja do ponto de vista quantitativo, como reforçam as novas estatísticas oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e sua propaganda nas emissoras de rádio e televisão brasileira.
O TSE divulgou na semana passada que pela primeira vez o eleitorado feminino é maior do que o masculino em todos os 27 estados e no Distrito Federal. Ano a ano, o eleitorado feminino tem crescido continuamente, o que por si só revela a relevância de seu significado político-eleitoral.
Em 1994, os homens eram 47,7 milhões de eleitores, contra 46,8 milhões de eleitoras. Seis anos depois, as mulheres ultrapassaram os homens com 58,6 milhões de eleitoras contra 54,6 milhões de eleitores.
Agora, em 2016 as urnas brasileiras conhecerão a vontade da maioria do eleitorado feminino em todas as unidades da Federação, à exceção do Distrito Federal, em que não haverá eleição – 76,5 milhões de mulheres cadastradas contra 69,8 milhões de homens. Dois estados viraram o jogo e se juntaram a maioria feminina, depois das eleições nacionais de 2014: Mato Grosso e Tocantins.
Precisamos trabalhar para que esta maioria eleitoral se reflita nos resultados das urnas, ampliando a presença da mulher nas prefeituras e câmaras de vereadores. Somos a maioria da população, a maioria do eleitorado e um pouco mais de 10% dos cargos municipais.
Isso precisa e vai mudar.
Por fim, e para concluir, do outro lado do mundo – literalmente – vem a boa nova de que uma mulher, Yuriko Koike, pela primeira vez governará Tóquio, uma das maiores e mais tradicionais cidades do mundo.
Lá as mulheres vêm superando preconceitos no mercado de trabalho – depois de uma mudança na legislação em 1999 – e na política começam a se tornar protagonistas, como é o caso da nova governadora de Tóquio.
Vale como mais um estímulo à nossa luta.
*Solange Jurema é presidente nacional do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB