Brasília (DF) – Como parte da estratégia de tentar classificar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff como um ‘golpe político’, a militância petista tem difundido a ideia de que a imprensa estrangeira já se posicionou contra o processo, o que não é verdade. O que parecem esquecer é que artigos com opiniões isoladas não refletem a opinião de um veículo de comunicação como um todo, e sim os editoriais.
O fato, como mostra artigo de Pedro Doria publicado nesta terça-feira (26/04) pelo jornal O Globo, é que jornais de todo o mundo já manifestaram suas posições quanto ao momento político brasileiro, e nenhum deles se referiu ao processo de impeachment como um ‘golpe’.
Com um editorial intitulado “Uma Tragédia é um Escândalo”, por exemplo, o jornal britânico “The Guardian” apontou o que considera como os responsáveis pela crise política, econômica e social que o Brasil enfrenta hoje: “transformações da economia global, a personalidade da presidente, o PT ter abraçado um sistema de financiamento partidário baseado em corrupção, o escândalo que estourou após as revelações, e uma relação disfuncional entre Executivo e Legislativo”.
O periódico norte-americano “The Washington Post” afirmou que “a presidente brasileira Dilma Rousseff insiste que o impeachment levantado contra ela é um ‘golpe contra a democracia’. Certamente não o é”. O também americano “The Miami Herald” alertou que “os brasileiros não devem se distrair. O crime que trouxe o país abaixo é roubo por parte de quem ocupa cargos públicos”.
Enquanto o francês “Le Monde” escreveu no título do seu editorial: “Brasil: este não é um Golpe”, a revista britânica “The Economist” destacou que em manifestações diárias, a presidente e seus aliados têm se referido ao impeachment como um ‘golpe de Estado’, o que é “uma afirmação emotiva que mexe com pessoas além de seu Partido dos Trabalhadores e mesmo além do Brasil”.
A publicação avaliou que a crise é grave e Dilma perdeu a capacidade de governar, e disse que “a denúncia de golpes tem sido parte do kit de propaganda da esquerda”.