Nesse momento em que uma mulher, pela primeira vez, se encontra muito perto de subir ao posto de presidente da mais rica das nações do mundo, paramos para ponderar e pensar a respeito do lugar conquistado pela mulher, em pleno século XXI, um século emblemático no que concerne a inovações e a rompimentos de paradigmas e preconceitos.
Não podemos admitir que a sociedade siga a conceber o papel da mulher como de simples receptáculo, de simples passiva na sua relação com o homem, pelo estrito fato de que no ato sexual a mulher é quem acolhe quem recebe, ao passo que o homem é quem atinge, quem mira o alvo.
Ao longo de séculos foi atribuído à mulher o papel de zelar pelos filhos, pelo lar, enquanto o homem saía, se lançava, galgava degraus, ganhava mundo, numa estreita analogia ao ato sexual em si.
Hoje, após décadas, séculos de luta libertária, as mulheres aprenderam que podem e devem ter um papel protagonista nos próximos passos a serem dados pela Humanidade. É inconcebível que nos dias de hoje não vejamos perfilarem os mais altos patamares das maiores organizações do mundo tantas mulheres quanto vemos homens. É inconcebível que na Ciência não se destaquem tantas mulheres quantos homens, que na Arte não se vejam tantas mulheres com seus nomes citados quantos são os nomes de homens. Não se pode aceitar que os esportes mais aceitos e admirados sejam praticamente excludentes do gênero feminino.
Há muito que a mulher vem mostrando ser completamente possível conciliar o caráter feminino de zelo, cuidado com os filhos e com a família com a natureza mais ousada peculiar às atividades profissionais, atividades extra-lar.
E o mundo de hoje é um mundo em que se frisam os valores diferentes inerentes a cada atividade, a cada talento, em si. Há muitos anos a Humanidade vem tentando inovações no campo dos conceitos e dos valores, no sentido de entender que atividades que não são prontamente rentáveis ou propriamente lucrativas têm também o seu valor, a sua contribuição social.
Ao mesmo tempo em que o mundo deixa de valorizar apenas as atividades que, pelo menos em princípio, teriam um aspecto mais masculino, as mulheres vêm provar que podem, sim, ser multifuncionais, desempenhar tarefas que não têm um caráter exclusivamente sentimental, dócil, subjetivo. As mulheres mostram, gradualmente, que podem ser, sim, fortes, incisivas, proativas, e tudo isso sem perder sua docilidade, sem perder o seu caráter zeloso para com a família. As mulheres, hoje, têm a árdua e interessantíssima missão de se lançar ao além-mar sem perder de vista o porto seguro.
Um dia haverá em que elas serão tão presentes, em todos os campos produtivos e artísticos, quanto são os homens. Nesse dia ouviremos e citaremos tantos nomes de escritoras quanto de escritores, tantos nomes de cientistas mulheres quanto de cientistas homens, tantos nomes de políticas quanto de políticos. Quando esse dia chegar, e houver a prova de que quase todos os preconceitos foram deixados pra trás, a Humanidade estará a um passo de conquistar a plena realização da espécie humana, a plena felicidade.
*Dell Santos é coordenadora de eventos do Secretariado Municipal de Mulheres/PSDB SP e segunda vice-presidente do Secretariado da Militância Negra TUCANAFRO MUNICIPAL.