Brasília (DF) – Em pronunciamento na cadeia de rádio e televisão, a presidente da República Dilma Rousseff garantiu que o governo faria “tudo para proteger mães e futuras mamães do zika”, assim como as crianças já nascidas com microcefalia e suas famílias. Pena que a promessa fica só no discurso. Isso porque o país não tem a estrutura necessária para dar assistência às famílias e a quem sofre com a doença.
Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (05/02) pelo jornal O Globo, a realidade das gestantes (com ou sem zika) no Brasil é bem diferente do discurso da presidente. É a rotina das mães do sertão nordestino que percorrem centenas de quilômetros, em condições precárias, em busca de atendimento no Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto, em Campina Grande (PB).
As grávidas procuram pela assistência da equipe de Adriana Melo, médica cujo grupo de pesquisa foi o primeiro a identificar o vírus no líquido amniótico de fetos microcéfalos e a relatar a ocorrência de outras malformações em bebês cujas mães tiveram zika.
“O que o Ministério da Saúde está fazendo de concreto por essas crianças agora? Ainda não vi”, lamenta Adriana em entrevista ao jornal. “Pernambuco montou um centro de atendimento. E temos recebido muita ajuda da prefeitura de Campina Grande. Mas somos um município pobre e recebemos pacientes de todo o estado”, afirma.
Para a médica, o Brasil não tem estrutura para prestar assistência a crianças com microcefalia e suas famílias. Por conta disso, os bebês nascidos com a doença podem até sobreviver, “mas em que condições?”, ela questiona. “Não sabemos. Imagine atravessar 200 quilômetros sertão adentro para trazer todos os dias uma criança que precisa de atendimento altamente especializado”, completa.
Saneamento ‘vergonhoso’
Em mensagem divulgada nesta quinta (04), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que o combate ao Aedes Aegypti no Brasil, mosquito transmissor do zika vírus, da dengue e da febre chikungunya, está comprometido pela “vergonhosa” condição do saneamento básico no país. A entidade reconheceu a “extrema gravidade do caso”, mas afirmou que a população não deve entrar em pânico. A CNBB também se colocou contra o aborto em casos de microcefalia, e pediu assistência urgente aos atingidos pela enfermidade.
*Rede45