Nosso maravilhoso Brasil foi descoberto no ano de 1500. Sua ocupação, ou melhor, dominação, teve sempre como pano de fundo a escravidão e o coronelismo. Só no ano de 1888 a escravidão foi abolida no Brasil, portanto tivemos 388 anos de escravidão contra 126 anos de “liberdade”! Ou seja, ainda é muito forte na nossa cultura a dominação e a submissão.
Nosso povo, em sua maioria pobre, convive com esta realidade desde sempre. Seja submetendo-se ao domínio dos patrões, seja do poder político e até muitas vezes do poder religioso. Por outro lado, os homens que chegam ao poder, logo se aproveitam do espaço de dominação vigente nas organizações.
Pouco avançamos nisso!
Com as mulheres a situação é ainda mais grave, soma-se a tudo isso a cultura machista, patriarcal com lógica totalmente masculina. Após o Movimento Diretas Já, mesmo podendo eleger nossos representantes, a forma como acontecem as eleições, perpetuam no poder as mesmas práticas de dominação tão machistas. Normalmente, as escolhas são baseadas em alguma moeda de troca, e aí, depois não se tem qualquer compromisso com a construção de uma sociedade mais madura e liberta.
Neste cenário as mulheres têm pouco espaço e oportunidades. Não acredito que seja apenas descaso ou falta de recursos ou má gestão, ou professores mal remunerados que fazem da nossa educação esta vergonhosa realidade. Acredito sim, que reproduzimos, todos nós, essa cultura dominadora machista que está arraigada na nossa sociedade.
Em meio a tudo isso cresce em todo o Brasil, um “movimento” espontâneo das mulheres, oriundo das ruas. Movimento este, formado por profissionais liberais de diversas áreas, donas de casa, estudantes, domésticas, elas ousam contrariar essa inércia e provocam a sociedade ao engajamento político. Com uma visão responsável e profunda das organizações sociais e políticas, questionam desde a crescente violência contra a mulher, à cota de mulheres nos parlamentos brasileiros, passando pelo PL 5069 que trata de questões relativas ao estupro/aborto.
Aplaudimos, impulsionamos e desejamos VIDA LONGA a este “movimento”, que ele consiga com suas muito pertinentes ações, instigar todas as mulheres a exercerem de fato sua liberdade e ocuparem cada vez mais os espaços de poder político.
Neste momento em que presenciamos um retrocesso gigante de nossa tão comprometida democracia, a participação feminina ascende à esperança de que “não vamos desistir do Brasil”.
*Adriana Toledo é Secretária Executiva do Gabinete do Prefeito de Maceió e Presidente do PSDB Mulher de Alagoas