Em 18 de julho o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da operação Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal), veio a Brasília apresentar as 10 medidas adotadas pela instituição para combater a corrupção e a impunidade que assolam o país. Na ocasião Dallagnol, procurador desde 2002, foi cristalino em sua definição dos efeitos corrosivos da corrupção, principalmente na camada mais pobre da população.
Segundo matéria publicada no site G1, o procurador disse que estudo da ONU (Organização das Nações Unidas) demonstra que aproximadamente R$ 200 bilhões são desviados no Brasil por ano por conta da corrupção. Esse valor permitiria multiplicar por três os investimentos federais em educação e saúde ou, ainda, multiplicar por cinco tudo que se investe em segurança pública em todo o país. “Jamais vamos acabar com as mazelas sociais de nosso país se continuarmos aceitando a impunidade e a corrupção”, afirmou.
Dallagnol está certo, a corrupção mata ao tirar dinheiro de creches e escolas, deixando nas ruas crianças que se tornarão alvo fácil do crime organizado e terão a vida abreviada nas mãos de uma polícia despreparada, ou no fogo cruzado da guerra entre gangues rivais. Educação salva, povo educado evolui, mas quem quer educa-lo, se podem encher as burras e acumular apartamentos, sítios e contas no exterior, com o dinheiro dos brasileiros, impunemente?
A cruel exatidão, tanto das palavras de Dallagnol quanto do estudo da ONU, pode ser comprovada pelas inúmeras reportagens que entram em nossas casas todos os dias, denunciando a falta de remédios para doenças graves como câncer e hepatite B na rede pública de todo o Brasil.
Os milhares de casos denunciados não são estatísticas, como os números em queda presidente Dilma nas pesquisas, são pessoas como nós, sofrendo, correndo risco de morte, porque o dinheiro que seria usado para a compra de remédios que lhes salvaria a vida, foi desviado para a corrupção que enriqueceu os mesmos de sempre.
Gente de carne e osso como Jaciara Avelino do Rio de Janeiro, que tem um tumor na hipófise há 14 anos, precisa tomar remédios regularmente e, em março, estava há três meses sem fazer uso de um deles. Uma caixa de Carbegolina, o remédio em falta, custava na época R$ 250,00 e ela precisa de quatro caixas por mês. Quantas Jaciaras o que foi desviado da Petrobras poderia salvar? E o dinheiro desviado do BNDES, ou da Eletrobrás?
No Brasil, doentes morrem à espera de atendimento nas salas de emergência enquanto a presidente Dilma, ela mesma uma sobrevivente do câncer, graças a um tratamento de ponta, ministrado em um dos melhores hospitais particulares do país, parece ter esquecido que o destino de tantos pacientes da mesma doença está em suas mãos.
Enquanto reina a penúria na saúde pública brasileira, no momento exato em que a corrupção nos roubou tudo, até mesmo o sonho de um futuro melhor em curto prazo, para envelhecer com segurança e paz, leio que Dilma está às voltas com um churrasco que oferecerá, na próxima semana no Palácio da Alvorada, para cerca de 320 parlamentares.
No melhor estilo Maria Antonieta, Dilma Rousseff esbanja a carne que a inflação tirou do prato dos brasileiros, lambuza os dedos e sorri, enquanto diz ao povo: “Apertem o cinto, paguem mais impostos, comam brioches!”.
Não podemos continuar assistindo, passivamente a esse crime continuado; cada centavo desviado pode significar uma vida perdida; um sonho acabado e já perdemos demais, nos últimos 13 anos. No dia 16 de agosto irei às ruas, dizer que não em meu nome, não com meu consentimento, não com minha omissão. E você, virá também?
*Thelma de Oliveira é vice-presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB