Brasília – O empresário Augusto Mendonça, do grupo Setal, que participa do programa de delação premiada, entregou à Justiça Federal os recibos da doação que sua companhia fez ao PT como forma de disfarçar o pagamento de propinas.
Os documentos foram tornados públicos nesta segunda-feira (23) e fazem parte da denúncia que o Ministério Público fez a acusados do esquema de corrupção descoberto pela operação Lava Jato. A denúncia foi aceita pela Justiça e tornou réus o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e outras 25 pessoas.
Entre os recibos apresentados por Mendonça, estão quatro com doações que somam R$ 500 mil ao diretório nacional do PT. O dinheiro chegou ao partido em 7 de abril de 2010, quando começou a campanha presidencial da então candidata Dilma Rousseff.
Procuradores responsáveis pelo caso relatam que Vaccari era o responsável por determinar o direcionamento das propinas . Dinheiro foi enviado, além do diretório nacional, para os braços do PT na Bahia, em Porto Alegre e na cidade de São Paulo.
“Temos evidência de que João Vaccari Neto tinha consciência de que esses pagamentos eram feitos a título de propina, porque ele se reunia com regularidade com Renato Duque para acertar valores devidos”, cita a denúncia.
“Achacadores”
O deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT) diz que o caso qualifica o PT como “um partido de achacadores”. “Fica mais do que provado que eles receberam dinheiro de propina por meio de contratos fraudulentos. Esse é o modus operandi dos petistas: elaboram um contrato já pensando no dinheiro que será destinado para as campanhas do partido e mesmo para uso pessoal”, afirmou.
Para o tucano, o episódio deixa claro o vínculo que há entre o esquema de corrupção e o caixa do PT – e que, segundo ele, desequilibrou as últimas campanhas presidenciais a favor dos petistas.