Determinada, Wania Alecrim, de 55 anos, nascida em uma comunidade pantaneira do Mato Grosso do Sul, reescreveu a própria história pelo desejo de mudar o mundo ao seu redor. A força desta tucana ganhou destaque internacional e ela é uma das 10 mulheres reconhecidas pelo Prêmio Claudia, concedido pela revista feminina de mesmo nome, às personalidades femininas que atuam em favor das brasileiras.
“Essa preocupação com as mulheres sempre foi muito forte. Aprendi muito, percebi a dificuldade das mulheres e o preconceito”, afirmou Wania Alecrim, que jamais para e está focada em projetos voltados para políticas públicas em questão de fronteira. “[Quero] mudar a realidade das mulheres fronteiriças.”
O Prêmio Cláudia observa as alianças e apoio mútuo que essas 10 mulheres tiveram para o desenvolvimento de iniciativas voltadas para o fortalecimento de outras mulheres. A tucana percebeu que ao lado de outras mulheres a parceria se fortalece, pois a base desta unidade se sustenta em solidariedade, empatia e companheirismo.
Há 21 anos, a revista Claúdia concede a premiação a partir de uma análise criteriosa sobre as iniciativas que melhoram a vida das brasileiras em todas as regiões do país. Neste ano, as personalidades estão divididas nas seguintes categorias: Ciências, Cultura, Negócios, Políticas Públicas, Revelação, Trabalho Social e Consultora Natura Inspiradora, que destaca o trabalho social.
História de vida
Mulher de pescador, a pantaneira Wania Alecrim casou aos 16 anos, teve quatro filhos e retornou aos estudos aos 38. Desde então, não parou mais: iniciou o curso de Turismo, mas finalizou o de Zootecnia e recentemente Pedagogia, fez várias especializações e atualmente está no mestrado. O objetivo dela esteve sempre voltado para a melhoria da qualidade de vida das mulheres ao seu redor.
Apaixonada por política, amor que conheceu com a mãe que morreu muito jovem, Wania participou de um curso de curtição de pele de peixe oferecido pelo governo de seu estado, Mato Grosso do Sul, para membros de famílias como a dela, que tiram o sustento do rio, e a partir dali iniciou uma série de projetos destinados às mulheres, ao aperfeiçoamento profissional, reconhecimento de identidade social e preservação.
“Vi ali uma oportunidade de crescer, de mudar de vida. A pele, que antes ia para o lixo, podia virar artesanato e gerar renda para nós”, disse a tucana em entrevista à revista Claudia, informando como incentivou outras mulheres a se juntar a ela na confecção de bolsas, roupas e carteiras e outras peças de pele de peixes regionais.
Em seguia, Wania acrescentou que: “Percebi também que, sem educação, ninguém vence e fui fazer supletivo”.
Política
Filha de analfabetos, perdeu a mãe ainda menina e viu-se obrigada a ajudar o pai na manutenção da família, mas jamais parou de sonhar e trabalhar por um mundo melhor. Com a preocupação constante de dar mais qualidade de vida para as mulheres ao seu redor, buscou conhecimento e apoio. Agora está determinada em conscientizar e resguardar as mulheres de fronteira.
Para Wania, o caminho das transformações perpassa pela política. Por esta razão, ela se prepara para ser candidata nas próximas eleições. As candidaturas anteriores, segundo ela, foram um treino para a disputa que realmente pretende vencer. Com o apoio do PSDB-Mulher, esta tucana não só vencerá as eleições como também terá mais mulheres ao seu lado para mudar a vida de muitas das nossas que esbarram na discriminação e no preconceito.