Há apenas 867 candidaturas femininas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições 2022, o equivalente a 35% das postulações postas. É o maior percentual desde 1998, quando apenas 18% dos 752 candidatos eram do sexo feminino. Em comparação ao restante o país, o DF está equiparado, segundo os dados.
Em 2009, foi instituída a Lei nº 12.034/2009, que obriga que cada partido ou coligação tenha o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Segundo a cientista política graduada pela Universidade de Brasília (UnB) Camila Santos, a presença feminina ainda é baixa.
“Atualmente, apesar de as mulheres representarem mais de 50% da população, quando vemos o número da participação feminina nos poderes Executivo e Legislativo, a proporção é menor do que 20%”, disse a analista.
Segundo Camila Santos, no Brasil há uma das menores taxas de representatividade feminina no mundo. Em um ranking de 187 países, o Brasil ocupa a 142º posição. O Brasil fica apenas à frente de países árabes e do Oriente Médio e está distante da representatividade de gênero de países como Suécia, Canadá e Finlândia.
Análise
Especialistas afirmam que, mesmo com o aumento deste ano, é necessário obrigar que a Lei de Cotas seja cumprida, obrigando que os recursos devidos cheguem em tempo nas candidaturas de mulheres, ampliar o debate das cotas e que os partidos invistam, de verdade, na formação e retenção de mulheres em seus quadros.
Socióloga e assessora técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), Priscilla Brito também acredita que a representação feminina na política precisa de um espaço maior. “As mulheres são maioria da população e, este ano, vão ser a maioria do eleitorado — são mais de oito milhões de mulheres a mais do que homens votando”, destacou.
Camila Santos alertou que o ambiente político atual ainda é hostil às mulheres. “A violência de gênero também é muito comum e, infelizmente, muitas mulheres que adentram a política sofrem com isso, fator que desincentiva outras mulheres a seguir o mesmo rumo”, disse.
Além da mudança cultural, para a cientista política, é necessário acompanhar e fiscalizar para que as legislações sejam cumpridas e aqueles que não cumpram as normas, sejam punidos.
*Com informações do jornal Correio Braziliense.