A presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB, Yeda Crusius, e a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), defenderam maior participação feminina na política em Porto Alegre (RS), nesta quarta-feira (20/07). As tucanas ressaltaram a necessidade de equilíbrio e apoio mútuo entre homens e mulheres. Elas participaram do Seminário “Participação feminina na política e violência política contra as mulheres”, promovido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS).
“Enquanto não for 50/50 não teremos controle da violência”, afirmou Yeda Crusius, destacando sua experiência como ministra do Planejamento, governadora do Rio Grande do Sul, parlamentar e presidente nacional do PSDB-Mulher. “[Acredito] em um plano de cooperação.”
A tucana destacou que sua experiência mostra que apenas com equilíbrio e bom senso será possível avançar. Yeda Crusius relatou momentos desafiadores que viveu quando decidiu abraçar a política, um ambiente preponderantemente masculino, e depois ao se transformar na primeira governadora do Rio Grande do Sul.
De acordo com a tucana, ela se guia pela “defesa do parlamentarismo e da ética”, assim como os princípios da “democracia cristã”.
Paula Mascarenhas ressaltou que as mulheres, segundo pesquisas, quando violentadas politicamente são vítimas sobretudo de fake news, ataques, ofensas e discursos de ódio. “[Somente haverá] igualdade quando seres humanos forem capazes de se olhar, perceberem esse processo, chegar às mentes e corações.”
Dados
A prefeita mostrou uma série de dados em que mulheres que sofrem violência política resistem em denunciar e fazer manifestações. Para ela, a justificativa é clara: “A violência política contra mulheres por muito tempo foi naturalizada. A falta de denúncia é que muitas vezes as mulheres não se dão conta. Vivemos um momento muito triste na história do Brasil. Não se consegue respeitar o pensamento divergente.”
Paula Mascarenhas relatou que os homens seguem no comando de 88% das prefeituras do país enquanto os dados mostram que as mulheres chegam aos cargos públicos, quando eleitas, com um preparo superior ao dos homens.
“Normalmente quando as mulheres chegam a cargos públicos, chegam mais qualificadas do que os homens porque têm de fazer mais esforços. Os obstáculos são os principais problemas”, afirmou a tucana.
Avanços
A professora de História e Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) Cely Jardim Pinto fez uma análise histórica sobre os avanços conquistados pelas mulheres ao longo dos séculos, ressaltando a importância das legislação Maria da Penha e relacionadas ao combate ao feminicídio.
“A participação política das mulheres é muito grande. O problema é que isso não se reflete nas Câmaras, nas Assembleias e nos cargos majoritários”, disse. “Ganhamos muitas lutas desde Berta Lutz até hoje. Essa questão é por demais debatida. Há um imensa patriacarlização da política no Brasil. Nós temos um problema muito grande que é cultural.”
Pioneirismo e coragem
O vice-presidente do TRE-RS, Francisco José Moesh, ressaltou, durante o Seminário, que o alijamento das mulheres da política distancia a concretização da democracia em sua totalidade. Ele criticou duramente a violência contra as mulheres na política.
“A falta de representatividade feminina é um obstáculo à democracia e da plena cidadania. A violência pode ser exercida por ação ou omissão. Essa violência se manifestar em espaços abertos ou o núcleo íntimo”, disse o desembargador. “[Quero elogiar o] o pionerismo e coragem são marcas das nossas ilustres convidadas.”
Moesh destacou que apesar de o eleitorado ser formado por 53% de mulheres, Câmara possui apenas 15% e o Senado 12%. “Na América Latina, apenas o Haiti ocupa uma posição inferior”, lamentou.
Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak, corregedora da Justiça Eleitoral do RS, ressaltou que o momento atual da política nacional marcado por notícias falsas e de polarização não contribui para o fortalecimento da democracia. “Há fake news, a desinformação, é preciso separar o que é fato e o que é mentira. O ponto muito importante de separar o ódio e o que é política. O ódio afeta a política. As táticas buscam minar as participações das mulheres, LBTQIA+, indígenas e pessoas negras com assédios e desinformações.”
Ana Gabriela Veiga, diretora-geral do TRE-RS, elogiou atitudes como a do magistrado. “Quando homens cedem caminhos, fica mais fácil. Nesta casa é o que temos, agradecer. O acirramento não nos favorece, se a gente tem uma outra luta que se sobrepõe, o esforço se torna maior.”
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Fotos: Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul