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Desistência de candidatura de Doria é “perda muito grande para o Brasil”, avalia Yeda Crusius em entrevista à Band RS

Em entrevista ao programa Bastidores do Poder, com Guilherme Macalossi, na Rádio Bandeirantes de Porto Alegre (RS), a presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB, Yeda Crusius, fez uma análise do cenário político para 2022 e comentou a desistência do ex-governador de São Paulo João Doria, legítimo vencedor das Prévias Partidárias do PSDB, da candidatura presidencial.

Em pronunciamento realizado nesta segunda-feira (23/05), Doria disse entender que o seu nome não é “a escolha da cúpula do PSDB”.

“Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve. Com a sensação inequívoca do dever cumprido e missão bem realizada. Com boa gestão e sem corrupção. Saio com o sentimento de gratidão e a certeza de que tudo o que fiz foi em benefício de um ideal coletivo, em favor dos paulistanos, dos paulistas e dos brasileiros”, declarou o tucano, que também agradeceu àqueles que lutaram ao seu lado e “defenderam a democracia interna do partido”.

Para Yeda Crusius, o Brasil perde sem João Doria à frente da terceira via democrática, única alternativa capaz de combater a polarização entre Jair Bolsonaro e Lula. Yeda considera que o desrespeito ao contratado no processo de prévias, realizado pelo PSDB em 2021, teve também como objetivo impedir que João Doria decolasse e fosse construtor dessa terceira via, abrindo caminho para que grupos internos apoiassem desde já Bolsonaro ou Lula.

“O povo queria uma opção, então é uma perda muito grande para o Brasil o que fizeram com o João Doria, que fez o caminho dele de sucesso na política e no mundo empresarial sempre mirando dar o melhor de si como empresário, político e homem público. É uma perda para o Brasil não ter a terceira via”, avaliou.

“Essa polarização de extremos prejudica o Brasil e o resto do mundo porque não constrói”, disse.

Dificuldades

A presidente nacional do PSDB-Mulher criticou as articulações intrapartidárias que impuseram dificuldades à candidatura de Doria à Presidência da República desde o fim do processo de prévias, em novembro de 2021.

“Quando ele [Doria] decidiu que já estava muito bem-sucedido empresarialmente e queria dar a cota dele na política, ele fez as prévias para prefeito em 2016. Elegeu-se (prefeito) no primeiro turno, pela primeira vez isso aconteceu em São Paulo, pelo PSDB. Fez as prévias para governador, elegeu-se governador. Fez as prévias para presidente, ganhou nas três prévias, que são uma ferramenta democrática por excelência da qual o PSDB devia se orgulhar”, considerou.

“Mas, no dia seguinte das prévias, ele começou a sofrer esse processo massacrante de dentro do partido, de quem participou nas prévias e não respeitou o voto dos 17 mil que votaram nele, mais os 30 mil que votaram integralmente. Ele veio resistindo, persistindo desde então”, constatou Yeda.

Respeito à democracia

Na entrevista, a tucana ponderou ainda que as decisões recentes de parte da cúpula do partido têm afastado a legenda de seus ideais e histórico de defesa e respeito à democracia, que caracterizaram o PSDB em mais de três de décadas de existência.

“Aquele PSDB que eu estou acostumada, que Doria estava acostumado, Mário Covas, Franco Montoro, Fernando Henrique, enfim, o PSDB que constrói, foi sendo minado nesse último comportamento que não respeitou a militância”, pontuou.

“Vocês da imprensa, da mídia, estão acompanhando noite e dia esse vai e vem dentro de um partido que era conhecido como construtor, um partido que promove inovações. As prévias são uma inovação”, justificou ela.

“Resta continuarem a tomar decisões que no fundo vão ser decisões de cúpula, afastando uma parte do partido, que é a chamada militância, do seu cotidiano. Mas a luta continua”, concluiu Yeda Crusius.