Em entrevista ao programa Bastidores do Poder, com Guilherme Macalossi, na Rádio Bandeirantes de Porto Alegre (RS), a presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB, Yeda Crusius, fez uma análise do cenário político para 2022 e das movimentações dentro do PSDB em preparação para a campanha eleitoral.
A tucana é uma das titulares do colegiado formado por 14 integrantes do PSDB e 6 membros do Cidadania que será responsável pela gestão compartilhada da Federação PSDB-Cidadania pelos próximos quatro anos.
“Pelo PSDB-Mulher, tenho trabalhado dentro da lei. Sou 30% das candidaturas, sou 30% do Fundo Eleitoral. Não é pouca coisa”, contou Yeda.
“Essa Federação é comandada por um colegiado, formado por catorze membros do PSDB e seis membros do Cidadania. Sete titulares e sete suplentes do PSDB, três titulares e três suplentes pelo Cidadania. Sou uma das sete titulares. Se você for até o Estatuto dessa Federação, cabe a nós, a esse colegiado, empreender toda essa campanha eleitoral e trabalhar como um partido político que defende a diminuição das desigualdades, paridade de gênero, desenvolvimento sustentável”, destacou.
“É uma eleição muito nova, com respeito às regras e leis. Nunca aconteceu antes. Essa é uma novidade e me honra muito participar dela”, acrescentou.
Para a presidente do Secretariado Nacional, o PSDB prova ser um partido diferente dos outros ao realizar Prévias Partidárias para o escolher o seu pré-candidato à Presidência da República, tornando público um embate político que costuma ocorrer a portas fechadas.
“Isso cria uma dinâmica interna dentro do partido que pode mostrar um partido que faz política a sua maneira, diferente dos partidos que têm dono, partidos que têm coronéis, alguns com a cabeça preta, outros com a cabeça branca, alguns têm sobrenome, outros não”, exemplificou.
Respeito ao voto
Yeda Crusius reiterou a posição do PSDB-Mulher de respeito ao resultado das prévias, à democracia e ao voto da maioria de filiadas e filiados, mandatárias e mandatários, que elegeram o ex-governador de São Paulo, João Doria, como o nome do PSDB para a disputa presidencial.
“Convivo com pessoas que fazem política dentro das regras e de uma maneira muito transparente. É aquilo, a política se faz com a maioria. Nas prévias, ele [Doria] teve maioria. Eu espero que continue não apenas essa maioria, mas que uma outra parte do nosso partido não aceite o comportamento de negar o resultado dos militantes que votaram nas prévias. Isso é um desrespeito ao voto”, opinou.
A tucana comparou as Prévias Partidárias a um “contrato registrado”, que deve ser respeitado como tal.
“Nesse contrato, estava escrito que quem dos três pré-candidatos a presidente vencesse, o restante trabalharia pelo vencedor. Quando você trabalha com política e Estados Democráticos de Direito, tudo é feito dentro da Lei e dentro dos contratos fixados. O PSDB é um partido político por Lei. Assim como eu sou presidente do PSDB-Mulher por Lei, sou eleita presidente do PSDB-Mulher, dentro das regras do meu partido”, pontuou.
Na avaliação de Yeda, a carta assinada pelo presidente do partido, Bruno Araújo, reafirmando a vontade da maioria dos militantes do partido em ter João Doria como o pré-candidato tucano ao Planalto é um compromisso.
“Não podia ser diferente. Se gastou um baita de um recurso andando pelo Brasil, os três pré-candidatos, e dizendo o que queriam para o país e para o partido do PSDB. Com essa carta do Bruno, publicamente, com assinatura, está dito que o PSDB tem seu candidato a presidente, e é o João Doria”, disse.
Política não-tradicional
Durante a entrevista, a presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB também analisou a resistência de setores da sociedade ao nome de João Doria. Para ela, parte disso se deve ao fato do tucano fazer política de forma não tradicional.
“Ele desde sempre, quando quis ser tudo o que ele foi dentro do PSDB de São Paulo, enfrentou enormes resistências, porque ele faz de uma maneira não muito tradicional. Por exemplo: eu quero ser escolhido por prévias. Assim ele foi para prefeito. Assim ele foi para governador. Assim ele está fazendo para ser apresentado como candidato do PSDB, dentro das prévias”, afirmou.
“Ele toma atitudes que mostram de que lado ele está. Ele está do lado das regras, da Lei, da ordem, do Estatuto Partidário”, considerou.
A tucana também citou como exemplo a resistência enfrentada pelos mandatários que, em meio à crise sanitária causada pelo coronavírus, se posicionaram de forma contundente a favor da vida, da ciência e das necessárias medidas de isolamento social para conter a contaminação pelo vírus.
“O meu exemplo é a vacina. Na polarização que nós vivemos no Brasil e no mundo, quem defendeu o isolamento antes de que se pudesse conquistar essa coisa extraordinária que é a vacina ganhou um grau de rejeição de 30% da população. Ele [Doria] defendeu todos os dias, em entrevistas coletivas. Então, ele já começa com 30% de rejeição. Não é porque é do PSDB. É porque a polarização reflete na vida de cada um dos brasileiros e brasileiras, em um ambiente de que ‘se você não está do meu lado, eu te rejeito’. Aquela velha luta entre nós e eles que a gente tem na dicotomia da política extremista, seja de esquerda ou de direita”, ponderou.
“Ele não tem problema nenhum de enfrentar qualquer que seja o desafio. Por exemplo, o desafio dele dizer que, em número um, quer como pré-candidato que as pessoas tenham um emprego. Número dois, que a economia seja uma ferramenta para reduzir a desigualdade social. Por exemplo, a política que ele faz. As políticas públicas para a mulher, eu nunca vi, em nenhuma parte do Brasil e em raros países do mundo. Ele criou hospitais para mulheres, tem delegacias 24 horas espalhadas pelo estado inteiro. A economia é para ele uma ferramenta para reduzir as desigualdades sociais”, completou Yeda Crusius.
Assista a entrevista a seguir: