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Cinthia Ribeiro expõe violência política contra a mulher em entrevista à revista Marie Claire

Foto: Edu Fortes/Palmas-TO

Noventa anos após a conquista do voto, com a instituição do Código Eleitoral de 1932, as mulheres que se aventuram a ocupar os espaços de poder ainda têm um longo caminho a percorrer no quesito representatividade.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil conta hoje com 898 vereadoras, 655 prefeitas, 161 deputadas estaduais, 77 deputadas federais, 11 senadoras, 7 vice-governadoras, três deputadas distritais e apenas uma governadora. Em nenhum desses cargos há paridade de gênero – pelo contrário: o cargo político no qual há mais representantes femininas é o de senadora suplente, com 40,38% de mulheres em comparação ao restante de homens.

Em entrevista à revista Marie Claire (leia a íntegra AQUI), publicada nesta quinta-feira (24/02), a única prefeita de capital do país, a gestora de Palmas (TO) Cinthia Ribeiro (PSDB), falou sobre as dificuldades impostas às mulheres na política, entre elas a violência política de gênero.

“Eu fui candidata contra 11 candidatos, sendo que dez eram homens. Todos eles batiam 24 horas em mim. Batiam nas roupas que eu vestia, no cabelo que eu usava, com quem eu namorava. Enfim, em tudo, menos no meu plano de governo”, relembrou a tucana.

“Sempre me perguntavam se estava preparada para ocupar o cargo de prefeita, sendo que meu antecessor não tinha sido nem síndico de prédio. Por que isso? Porque eu sou mulher”, constatou Cinthia.

Mulheres em desvantagem

A reportagem destaca ainda que, independentemente do cargo a que concorrem, financiamento, estilo de vida e classe, as mulheres invariavelmente saem em desvantagem na corrida eleitoral. A professora de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) e ex-presidente da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), Flavia Biroli, listou três motivos que dificultam a candidatura de mulheres no Brasil.

O primeiro é o processo de socialização, que estereotipa os gêneros e que faz com que a política ainda seja vista como uma atividade do universo masculino. Em segundo lugar, estão as dificuldades estruturais e econômicas impostas às mulheres. Além de terem menos recursos financeiros para investir em uma campanha eleitoral, elas têm menos tempo livre, consumido por filhos e tarefas domésticas, para as reuniões e encontros necessários à atividade política.

Já o terceiro problema é institucional. Os partidos políticos tendem a estimular candidaturas masculinas, uma vez que suas estruturas já são predominantemente ocupadas por homens. Eles também são maioria entre os eleitos, justamente por receberem mais suporte.

“Quando superam essas barreiras e conseguem se candidatar, elas ainda recebem menos recurso, menos apoio”, completou Biroli.

*Com informações da revista Marie Claire