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30% das brasileiras já foram ameaçadas de morte por seus companheiros, revela pesquisa

O local de maior risco de assassinato para as mulheres é dentro de casa, vítimas de um parceiro ou ex-parceiro. Essa é a constatação de 90% dos brasileiros, de acordo com a pesquisa “Percepções da população brasileira sobre feminicídio”, realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva com apoio do Fundo Canadá.

O estudo revelou que 30% das brasileiras já disseram ter sido ameaçadas de morte por seus companheiros ou ex, o equivalente a 25,7 milhões de mulheres. Dentre elas, uma em cada seis já sofreu uma tentativa de feminicídio. Entre as mulheres negras, o índice sobe para 32%.

Após a ameaça, 57% das entrevistadas terminaram o relacionamento. 34% denunciaram à polícia, e 12% não tomaram nenhuma atitude. Para 92% dos entrevistados, a sensação de impunidade incentiva a agressão contra as mulheres.

A normalização da violência contra a mulher também é uma face preocupante dos dados revelados pela pesquisa. Isso porque a maioria da população, 57% dos brasileiros, conhece alguma vítima de ameaças de feminicídio íntimo, quando o crime é cometido em ambiente doméstico e familiar. O índice equivale a 91,2 milhões de pessoas.

Já 41% dos entrevistados disseram conhecer um homem que já ameaçou de morte a atual ou ex-parceira. Ou seja, cerca de 65,6 milhões de pessoas.

Culpa da mulher?

O estudo também questionou os entrevistados acerca da responsabilidade pelo crime nos casos de feminicídio. 65% consideram que o homem que comete feminicídio é o culpado e deve ser punido pelo crime. Já para 30%, a culpa é de ambos: do homem agressor e da mulher vítima. 3% disseram ainda que a culpa recai exclusivamente sobre a mulher.

Isso significa dizer que, ainda que parcialmente, um terço dos brasileiros atribui a culpa pelo feminicídio à mulher que foi morta pelo companheiro.

Vale lembrar que o número de vítimas de feminicídio foi recorde em 2020: 1.350, um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A pesquisa entrevistou 1.503 pessoas (1.001 mulheres e 502 homens), com 18 anos de idade ou mais, entre 22 de setembro e 6 de outubro de 2021 em todo o país. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.

Ligue 180

Se você conhece alguém ou foi vítima de ameaça ou qualquer tipo de violência, seja ela física, psicológica, moral, sexual ou patrimonial, não se cale: entre em contato com a Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) e denuncie! Em casos como esses, agir pode salvar vidas.

*Com informações do portal de notícias G1