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Triplica o número de gestantes e puérperas mortas durante a pandemia, mostra estudo

Foto: Divulgação/Fiocruz

A pandemia de Covid-19 fez triplicar o número de mortes maternas, segundo o Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), mantido pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). De acordo com os dados, pelo menos 1.455 gestantes e puérperas tiveram óbitos por coronavírus registrados de 1º de janeiro a 20 de outubro deste ano.

Pesquisa semelhante realizada no ano passado indicou que foram registradas 460 mortes, assim, observa-se que a taxa de mortalidade materna disparou de 6,7% em 2020 para 12,6% neste ano.

Para especialistas, os números mostram que as gestantes e as mulheres após o parto estão expostas a riscos que podem levar à morte, como dificuldades de acesso à saúde, a superlotação dos hospitais, a disseminação da variante Delta e a escassez de testes, o que pode ter agravado o cenário.

Dados

Os dados também indicam que uma em cada cinco gestantes e puérperas não foi internada em UTIs. Além disso, uma em cada três não teve intubação orotraqueal. Nas estatísticas do OOBr deste ano, o índice de mortalidade materna entre mulheres negras salta aos olhos: a taxa ficou em 17,2%, com 94 óbitos em 548 casos.

O estudo mostra ainda que as indígenas também estão entre as mais vulneráveis, com 14,9%: foram sete mortes dentre 47 infectadas. Depois é a vez das pardas (13,5%), com 662 vidas perdidas dentro de 4.917 diagnósticos.

Esses três grupos de mulheres estão acima da média para o ano, que contabiliza 11.508 contaminações entre grávidas e puérperas, chegando a uma taxa de mortalidade materna de 12,6%. Já em 2020, o cenário se repete. Essa taxa, contudo, cai quase à metade no ano passado, quando 6,7% dos casos terminaram em óbito.

Taxas

Em 2021, a maior parte das mortes se concentra entre as puérperas: de 2.027 infectadas, 461 (22,7%) vieram a óbito. O dado segue a tendência do ano anterior, quando 167 mulheres morreram no período pós-parto (12,3%) entre 1.359 que haviam sido diagnosticadas.

De acordo com pesquisa da USP,  a fragilidade do organismo após o parto e o foco voltado para a saúde do bebê, o que pode levar à demora em procurar o serviço de saúde no país, colaboram para colocar as grávidas e puérperas no grupo de risco nesta pandemia.

Os números do OOBr estão no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), gerido pelo Ministério da Saúde.

*Com informações do Jornal Extra