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Dimas Covas relata saga para dar início a imunização contra Covid no Brasil

No primeiro encontro presencial do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB desde o início da pandemia, nesta sexta-feira (17/09), em São Paulo, o tema central foi o combate ao coronavírus e os esforços do governo João Doria em promover a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo em parceria com a empresa farmacêutica Sinovac, com sede em Pequim. Durante o Painel PSDB Brasileiras PSDB-Mulher, que contou com o apoio da presidente do secretariado de São Paulo, Edna Martins,  o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, detalhou desde a pesquisa até a efetivação do imunizante.

Na ocasião, Dimas Covas fez questão de reiterar seu apreço pelo ninho tucano e a relevância da participação das mulheres na política.

“Tenho a alegria de participar da fundação do PSDB. As minhas raízes no PSDB continuaram com minha irmã que é vereadora”, disse Dimas Covas. “Yeda sempre foi uma figura ímpar na política do PSDB nacional, altiva. Um prazer conhecer todas as demais pessoalmente.”

Em seguida, Dimas Covas acrescentou que: “Temos que cuidar de dar mais espaço para a mulher na política, na vida, na gestão, no pensamento. Tenho a felicidade de na minha vida profissional trabalhar sempre com mais mulheres porque elas são mais sinceras, e têm mais compromisso. As mulheres são muito mais competentes que os homens quando elas de fato se identificam com uma causa, uma profissão. Elas têm uma atitude diferente”, avaliou.

Covid-19

Dimas Covas ressaltou que, quando surgiram os primeiros casos de contaminação por coronavírus na China, o Butantan “acendeu a luz amarela”. “Buscamos entender o que estava acontecendo, em fevereiro de 2020, nós já havíamos montado um Centro de Contingência da Pandemia, embora não sabíamos que ia acontecer”, disse.

Segundo ele, esse grupo buscou parcerias pelo mundo para desenvolver a vacina. “O Brasil nessa área é isolado. Não produz insumos, o que torno o país muito dependente do exterior”, lamentou ele, lembrando que chegou ao Butantan em 2017. De acordo com o especialista, foi a articulação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que mudou este cenário.

“Muitas vezes os relacionamentos só fazem com instituições americanas ou europeias, e desta vez, resolvemos ir além e buscamos parcerias do outro lado do mundo como aconteceu, em  2019, com o governador Doria. Na China fizemos um pacto com vários laboratórios [de pesquisa e alta tecnologia]”, disse.

Dimas Covas ressaltou que em junho, a China não tinha mais casos de Covid. “Foi o país que melhor controlou a pandemia. Fizemos o acordo de realizar todo o desenvolvimento aqui no Brasil”, afirmou ele recordando que foi realizado um grande estudo clínico no Brasil”, envolvendo 16 estados com mais de 13 mil participantes.

O especialista lamentou a campanha contrária ao Butantan e à CoronaVac. “Houve um movimento de fato pensado, organizado contra as vacinas de modo geral e depois muito claro contra a vacina do Butantan, o que trouxe dificuldades para o estudo clínico. Trouxe dificuldades para introduzirmos a vacina no calendário junto ao Ministério da Saúde”, relatou.

Dimas Covas detalhou as negociações junto ao Ministério da Saúde e todos os entraves colocados diante dos esforços do governo paulista. Segundo ele, houve manifestações públicas do próprio presidente da República que levaram ao atraso e postergação do processo de imunização em curso no Butantan por causa de questões políticas e divergências ideológicas.

“Eu me deparo com o presidente dizendo que nada daquilo não ia, que quem mandava era ele e que ele não ia de forma alguma autorizar a compra da vacina do Butantan. O Butantan é do estado de São Paulo e lá o governador João Doria. Um episódio conhecido nacionalmente. O que nos isolou do mundo. Aí começou a jornada de crimes. São crimes contra a humanidade”, destacou.

Dimas Covas lembrou que o Brasil é o segundo país do mundo no número de mortes. Felizmente, embora neste momento, pareça que “está tudo sob controle”. “Já entregamos até o momento 100 milhões de vacinas. Temos mais vacinas, mas o governo não quer comprar. Praticamente toda semana o presidente não perde a oportunidade de falar mal da vacina. Uma narrativa mentirosa, de desconstrução. A vacina está salvando vidas. É a vacina mais usada no mundo”, reiterou.

História

Ao lado de Cíntia Lucci, diretora de Projetos Estratégicos do Instituto Butantan, elogiou a colega de trabalho, afirmando que “sem ela, seria impossível colocar o projeto [da CoronaVac] em prática”. Depois, fez uma análise sobre a história do Instituto Butantan.

Dimas Covas lembrou que o Butantan é a instituição mais antiga e perene na área de vacina do Brasil, com mais de 120 anos, pois foi fundado em 1901. “Começou no século anterior, entre 1898 ou 1899. Naquela época, final do século 19, estava ocorrendo uma grande epidemia no Brasil, de peste bubônica, que começou aqui pelo porto de Santos. E começou atingir fortemente, as pessoas começaram a morrer sem saber a causa.”

O diretor recordou que, na ocasião, graças ao médico e cientista Vital Brazil surgia o “embrião” do Instituto Butantan. “A história do Butantan se mistura com a história das endemias. Toda vez que teve epidemia no Brasil, o Butantan participou ativamente, sempre fazendo vacinas.”

Segundo Dimas Covas, um a cada 3 brasileiros toma a vacina da gripe, desenvolvida pelo Butantan. Muitos nem sabem, não tem esse conhecimento. “Produzimos vacinas contra raiva, HPV, Hepatite A, Hepatite B, Influenza Trivalente, H1N1 e DTPa. Hoje o Butantan é o maior produtor de vacinas do Brasil, entrega por ano um pouco mais de 210 milhões de doses. Essa é nossa história e explica o nosso protagonismo nessa pandemia.”