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Na CPI da Pandemia, Mara Gabrilli critica ataques de Ernesto Araújo à China: “resultados foram desastrosos”

A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) representou mais uma vez a Bancada Feminina durante os trabalhos da CPI da Pandemia nesta terça-feira (18/5), durante o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. Ela fez duras críticas à falta de diplomacia demonstrada pelo ex-chanceler sobretudo com o governo chinês, importante parceiro comercial do Brasil e fundamental no combate à pandemia do coronavírus, já que fornece os insumos para a produção da CoronaVac.

A tucana destacou um dado apresentado pela senadora Kátia Abreu (PP-TO): até abril, 85% das vacinas que protegeram os brasileiros da Covid-19 vieram da China, negociadas pelo Instituto Butantan e pelo governo de São Paulo, estado comandado por João Doria (PSDB).

“Assistimos atritos, ofensas, contra o governo da China, nosso maior parceiro não somente no comércio e no agronegócio, mas também nosso parceiro fundamental no combate à pandemia da Covid-19”, pontuou.

“Os resultados foram desastrosos: os sucessivos atrasos na aquisição de vacinas e insumos para a nossa população já tão sofrida com as mais de 437 mil famílias em luto”, constatou ela.

Dirigindo-se ao ex-ministro, Mara Gabrilli o questionou sobre a postura antirrepublicana do governo federal e do presidente Jair Bolsonaro ao dirigirem hostilidades e ataques infundados ao país asiático, motivados por crenças pessoais e ideológicas.

“O senhor, logo no início da pandemia, ao invés de se solidarizar com a população chinesa, rasgou a diplomacia mais básica e atacou a China, fazendo até piada com a propagação do que chamou de ‘comunavírus’. Agora, semana passada, o presidente Bolsonaro seguiu seu péssimo exemplo e colocou suspeitas de uma guerra biológica promovida pelo governo chinês”, lembrou a senadora.

“O senhor não ajudou em nada. Não defendeu a saúde dos brasileiros, não primou por seguir as lições mais básicas do Instituto Rio Branco. Nós, senadores, só temos a lamentar a sua gestão, porque os governos passam, sempre passam, mas o Estado brasileiro permanece. Eu gostaria de lembrar que os seus interesses pessoais não interessam em assuntos de Estado. Ao contrário do que o senhor idealiza, a relação do Brasil com a China é permanente”, enfatizou.

Sem resposta

Ao responder os questionamentos da tucana, Ernesto Araújo disse que as relações entre os dois países não foram afetadas por declarações de Bolsonaro e nem pela atuação do Itamaraty.

“Eu sabia que não teria resposta mesmo”, rebateu Mara Gabrilli.

“Utilizei o tempo mais explicitamente para congratular, agradecer e mostrar a gratidão que eu, o estado de São Paulo e o povo brasileiro tem pela China e por tudo que ela representa nesse momento, e assim dizer que eu sinto vergonha de ter um chanceler e um presidente que descumpriram a diplomacia que a gente mais precisa para se relacionar bem com os outros povos”, completou a parlamentar.