Notícias

Yeda Crusius debate paridade de gênero, democracia e avisa: “a revolução está plantada”

A presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB, Yeda Crusius, e a professora da Universidade de Brasília (UnB) e cientista política Flávia Biroli, especialista em Gênero e Democracia, foram as convidadas da Confraria Paz, grupo que se dispõe a discutir diversos temas livre de inclinações político-ideológicas, para debater sobre a representatividade feminina na política nesta quinta-feira (08/04).

Durante o encontro virtual, a tucana relembrou sua trajetória de vida, enquanto mulher, economista, jornalista e figura política, e apontou a tecnologia como uma ferramenta valiosa no fomento de iniciativas que promovam a tão sonhada paridade de gênero na política.

“A tecnologia não é neutra. Ela serve a sociedade onde ela foi criada. Serve à uma cultura que até hoje é patriarcal, guerreira, excludente e violenta”, considerou.

“Em meio a essa pandemia do coronavírus, tivemos que pensar em formas de fazer uma campanha eleitoral virtual. Fizemos então a Plataforma Digital PSDB-Mulher 2020, oferecemos cursos de capacitação política para as nossas pré-candidatas. Você tem que botar na mão da mulher não apenas o celular, mas o conhecimento de como usá-lo, e a conectividade. Dessa forma, a revolução está plantada”, destacou.

Yeda Crusius criticou a construção da sociedade brasileira sobre raízes patriarcais e misóginas que se perpetua até os dias de hoje em nossas instituições, e particularmente na política, considerando-se o atual cenário de extremismo e retrocesso.

“A população associa à homens fortes e autoritarismo a saúde, a educação, o emprego. As mulheres têm que estar em postos de poder. Elas chegando lá, o resto vem”, disse.

Para ela, esse é o seu papel enquanto figura pública e presidente nacional do PSDB-Mulher:

“Meu terceiro ciclo é tentar continuar, mesmo na terceira idade, ajudando a construir um projeto para o Brasil, com todo o potencial que o Brasil tem”, afirmou.

“Você tem que dar ferramentas para as pessoas poderem definir leis além do Parlamento. Tenho que criar condições para outras mulheres fazerem isso, se elas quiserem. Hoje, há um retrocesso dentro dos partidos políticos para barrar o poder das mulheres. Até mesmo dentro do meu próprio partido”, justificou a tucana.

Caminho sem volta

A professora Flávia Biroli avaliou que a reação à agenda da igualdade de gênero é hoje uma política oficial de governo no Brasil. Ainda assim, as mulheres fizeram parte da construção do espaço democrático, e uma vez que ele foi conquistado, não há mais volta.

“A agenda da igualdade de gênero não tem volta. Não dá mais para desconectar democracia e direitos fundamentais básicos”, pontuou.

“O domínio dos homens na política vai se mantendo à medida em que se alijam as mulheres dos espaços de poder. A autonomia dos partidos tem que conviver com a democracia. Mas autonomia com sub-representação de gênero não vale”, acrescentou ela.

Para Yeda Crusius, o caminho para a paridade de gênero e a legitimação das mulheres nos espaços de poder passa por uma necessária revolução cultural.

“Precisamos promover uma mudança cultural, de que sem 50/50 não há saída, e a saída não existe sem ser na política. A saída é mais mulheres na política”, completou.