A campanha ’16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres’ deste ano tem um apelo ainda maior diante do aumento de casos de violência doméstica, como consequência do isolamento social causado pela pandemia do coronavírus. Entre janeiro e junho deste ano, 648 mulheres perderam suas vidas. De acordo com o Anuário de Segurança Pública 2020, houve um aumento de 1,9% de casos em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, houve uma diminuição de registros de agressão em delegacias devido a maior presença do agressor junto à vítima, maior tempo de trabalho doméstico, entre outros fatores.
A coordenadora do PSDB-Mulher na região Norte do país, Cecília Otto, destaca que é preciso quebrar barreiras e conceitos antigos da sociedade, possibilitando a criação de uma rede de apoio, composta em sua maioria por mulheres, para as vítimas.
“Precisamos quebrar o silêncio, precisamos romper todas as barreiras que impossibilitam a mulher de dizer ‘sim, eu estou sendo violentada nos meus direitos’. E como isso pode acontecer? Quando nós mulheres formos fortes e capazes o suficiente para nos fortalecermos uma a uma”, salientou.
Na opinião da tucana, a campanha ’16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres’ deve servir para acender um alerta entre as mulheres ‘de que elas são as protagonistas’ e que unidas podem mudar o mundo.
“Não podemos de forma alguma continuar sem termos a consciência de que nós somos as protagonistas. Que nós somos as pessoas que poderemos fazer mudanças”, frisou.
MACHISMO MATA
Diante dos números alarmantes de feminicídio, Cecília Otto reitera que a união das mulheres pode fortalecer a luta pelo fim da violência contra as mulheres e inibir ações misóginas e intimidadoras.
“Estamos diante de um quadro onde, dia a dia, encontramos mais homens machistas. Então, o mais importante de toda a caminhada é nós termos a certeza de que nós mulheres, quando nos tornarmos únicas, uma a uma, lado a lado, força a força, caminho a caminho, de onde nós estivermos nós nos fortalecermos, assim deixaremos com que os machistas fiquem envergonhados com suas próprias ações”, defendeu.
CAMPANHA NACIONAL ONDE VOCÊ ESTÁ QUE NÃO ME VÊ?
Cecília Otto ainda faz um chamamento para a união de mulheres que defendem diferentes causas para essa luta maior: combate à violência contra as mulheres.
“Que nós possamos, juntas, nós todas, independente da nossa raça, da nossa condição literária, condição financeira, de todas as formas, nos unir e nos fortalecer. União, união, união. É nossa palavra de força e caminhada”, afirmou.
O apelo da tucana se alinha à campanha nacional lançada pela Organização das Nações Unidas no Brasil, que dá visibilidade às mulheres e meninas que enfrentaram a violência antes e durante a pandemia. A campanha Onde Você Está que Não me Vê? tem o conceito Somos Nossa Existência, e está sendo implementada no mesmo período da campanha pelo fim da violência contra as mulheres: entre 20 de novembro a 10 de dezembro.
Ao longo deste período, a ONU Brasil tem destacado o processo de invisibilização e violência que as mulheres e meninas têm enfrentado antes e durante a pandemia da COVID 19. A campanha é inspirada na canção “O que se Cala”, composição de Douglas Germano e interpretação de Elza Soares. Mulheres das cinco regiões do Brasil e que defendem diferentes causas sociais compõem a narrativa da campanha, que traz o foco para a diversidade das mulheres, seu lugar de fala, território, assim como a prevenção e eliminação de diferentes formas de violências, especialmente agravadas pela pandemia da COVID-19.