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Número de candidatos a prefeito aumenta em mais de 40% das cidades do país; disputas mais acirradas têm 16 concorrentes ao cargo

Foto: EBC - Agência Brasil

Ao todo, 2,2 mil municípios têm mais candidatos às prefeituras em 2020 do que na última eleição, em 2016. Cidades com mais concorrentes têm 16 na disputa pelo cargo.

O número de candidatos a prefeito aumentou em 41% dos municípios do Brasil nas eleições 2020. Quando comparado à última eleição municipal, em 2016, 2,2 mil cidades tiveram mais registros de candidaturas para disputar as prefeituras, segundo levantamento do G1 feito com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ao todo, 19 mil pessoas se candidataram a prefeito neste ano, um aumento de 14% em relação aos 17,6 mil concorrentes de 2016.

Para o cientista político e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense Vitor Peixoto, o fim das coligações para vereador e o maior rigor da cláusula de barreira são os principais motivos do aumento do número de candidaturas a prefeito.

“Um tem a ver com o outro. São duas eleições com lógicas diferentes, mas que estão umbilicalmente interligadas”, afirma. “Os partidos precisam ‘puxar as legendas’ e não têm mais incentivo de haver trocas de apoios na majoritária por abrigar pequenas legendas.”

Disputas mais acirradas

As disputas mais acirradas estão em seis cidades, que têm 16 candidatos cada uma: Campo Grande (MT), Contagem (MG), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Nova Friburgo (RJ) e Santos (SP).

Entre essas, o maior crescimento foi de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro: 167%. A cidade da região serrana fluminense teve apenas seis concorrentes ao cargo em 2016.

Já Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, manteve o mesmo número de concorrentes da última eleição.

Outros cinco municípios têm 15 candidatos concorrendo ao cargo de prefeito: Belo Horizonte (MG), Itaguaí (RJ), Joinville (SC), Porto Velho (RO) e Volta Redonda (RJ).

Mais opções de voto

A maioria das cidades ainda tem dois ou três candidatos a prefeito, mas essas disputas menos concorridas estão diminuindo.

O número de cidades com dois ou três candidatos diminuiu neste ano. Já os com quatro ou mais concorrentes aumentou.

O maior crescimento percentual foi nos municípios com seis ou mais candidatos, que dobraram desde a última eleição, passando de 181 para 375.

Segundo Peixoto, o grande número de candidatos em uma eleição pode ter duas consequências: o aumento do custo de escolha pelo eleitor e a maior imprevisibilidade do resultado nos municípios menores.

“Uma consequência muito provável é o aumento do custo de adquirir informações para avaliar e tomar a decisão eleitoral, ou seja, escolher em quem vai votar”, afirma o cientista político. “Mais opções trazem mais custos de informação e pulverizam o jogo.”

Ele diz que o impacto pode ser maior nas cidades com menos de 200 mil eleitores, que não têm segundo turno. “Poderá afetar a proporção de votos dos vencedores. Provavelmente ganharão com menos apoio eleitoral.”

Em um município como Nova Friburgo, por exemplo, que tem 113 mil habitantes, matematicamente o candidato vencedor pode receber menos de 10% dos votos.

Reportagem Felipe Grandin
Com informações do G1