Apesar de representarem 52,5% do eleitorado, mulheres conquistaram apenas 13% das vagas em câmaras de vereadores e menos de 12% das prefeituras nas eleições de 2016
A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados lançou nesta sexta-feira (25) a cartilha “Mais Mulheres na Política – Eleições 2020“.
O documento foi confeccionado pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, em colaboração com a Secretaria da Câmara.
Em quase 50 páginas, será possível conhecer mais sobre a história do voto feminino no Brasil; a importância de se elegerem mulheres; detalhes sobre os trabalhos de vereadoras e prefeitas; planejamento de campanhas; e um passo a passo para concorrer às eleições deste ano; entre outras informações. O objetivo é orientar candidatas em 2020 e estimular mais mulheres a concorrer a cargos públicos.
A cartilha destaca que, apesar de as mulheres representarem 52,5% do eleitorado, menos de 8 mil representantes do gênero feminino foram eleitas para mandatos nas câmaras municipais (13% das vagas em disputa) nas eleições de 2016, e apenas 636 mulheres foram eleitas para governar, o que representa 11,6% das prefeituras do País, e em municípios com menor densidade populacional e menor renda per capita.
Agenda pública
A coordenadora-adjunta da bancada feminina, deputada Tereza Nelma (AL), destacou que o aumento das mulheres na política é essencial para que a agenda se volte a determinadas áreas e reconheça necessidades específicas desse público.
“Neste período de pandemia, a bancada feminina da Câmara trouxe um olhar diferenciado ao Plenário, que resultou, por exemplo, no auxílio emergencial dobrado [R$ 1,2 mil] para as chefes de família”, afirmou.
A secretária-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Aline Osório, também salientou o efeito simbólico que a presença de mulheres em espaços de poder tem sobre a sociedade. “Ter mais mulheres na política significa um impacto relevante na agenda pública. Há diversas pesquisas que dizem que a presença feminina representa uma menor incidência da corrupção e mais investimentos em saúde, educação e apoio familiar”, comentou.
Aline Osório acrescentou a importância de se adotar uma abordagem interseccional, pois as experiências variam entre mulheres de acordo com raça e renda, por exemplo. “Mulheres indígenas, negras, periféricas também precisam estar na política.”
Reflexão
A secretária Nacional de Políticas para Mulheres, Cristiane Britto, estimulou aquelas cidades que não elegeram mulheres quatro anos atrás a fazerem diferente desta vez.
“Aqui faço realmente uma reflexão sobre aqueles 1.290 municípios que não elegeram uma única vereadora nas eleições de 2016. Queremos números diferentes ao final de 2020. Queremos mulheres decidindo, legislando e sendo verdadeiramente ouvidas.”
Cristiane Britto informou que a secretaria assinou um protocolo de intenções com 18 partidos, com o intuito de se eleger no mínimo uma mulher para cada câmara municipal; e convidou mulheres interessadas a se candidatar a se inscreverem nos cursos gratuitos on-line feitos em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo.
Os cursos tratam de temas como planejamento de campanhas eleitorais, marketing, prestação de contas, e oratória, entre outros. O endereço para se inscrever é www.maismulheres.ifes.edu.br.
Reportagem – Paula Bittar
Edição – Marcelo Oliveira
Com informações de Agência Câmara de Notícias