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Estudo da USP mostra que gravidez na adolescência reduz salário de mulheres

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Uma economista da Universidade de São Paulo (USP) de Piracicaba (SP) estudou sobre a influência da gravidez na adolescência no mercado de trabalho das mulheres. Segundo a pesquisa, as mães que engravidaram até os 20 anos ganham em média 30% a menos que as outras mulheres.

A escolaridade dessas mulheres tende a ser, em média, 1,5 ano menor do que a das mulheres que não tiveram filhos nessa faixa etária.

Pelo estudo de Ana Lúcia Kassouf, doutora em economia e docente sênior do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), a conclusão faz parte de um projeto que analisa o impacto da gravidez precoce na educação, alfabetização e no mercado de trabalho.

O Brasil é o único país da América Latina a receber esse estudo, que foi financiado pela instituição sem fins lucrativos PEP (Partnership for Economic Policy), com sede no Quênia, e financiamento de países como o Canadá e do Reino Unido.

Com base nos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram analisadas informações mulheres de 29 a 40 anos que relataram ter tido filhos antes dos 20 anos.

Resultados

Os principais resultados giram em torno da escolaridade e da renda da mulher que engravidou na adolescência. Os dados analisados por Ana Lúcia apontam que a gravidez precoce reduz os anos de estudo em cerca de um ano e meio, em média.

Essa redução é justamente a causa dessas mulheres futuramente conseguirem empregos informais e terem a renda reduzida em cerca de 30%. “Se a gente olhar especificamente para mulheres pretas e pardas essa queda é ainda maior”, afirmou.

A pesquisa mostra, ainda, que a escolaridade baixa também foi um fatores que contribuiu para que as mulheres engravidassem antes dos 20 anos. O índice mais alto está entre as que tinham o ensino fundamental incompleto, com 58,7%, seguido das que não tinham escolaridade nenhuma, com 56,6%. Veja os dados no gráfico.

Problema social

Além de mostrar a análise dos dados, o estudo tem o intuito de influenciar as políticas públicas sobre o assunto e, de fato, trazer algum benefício e mudança. Para Ana Lúcia, um dos principais fatores que gira em torno da gravidez na adolescência é o social.

A pesquisa mostra ainda que a maior parte das adolescentes que engravidaram estavam na faixa mais baixa de renda, que na época da apuração dos dados, em 2013, representava uma renda familiar abaixo de R$ 1 mil. Nesta faixa, estavam 48% das mulheres que tiveram filhos antes dos 20 anos.

A porcentagem da população com maior renda familiar, que à época representava pouco mais de R$ 3 mil, 22% das mulheres engravidaram até essa idade.

*Com informações do G1.