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Mulheres estudam mais, mas continuam a ganhar menos

As mulheres têm mais anos de estudo que os homens, são maioria entre os que chegaram ao curso superior, mas continuam a ter presença maior nas faixas salariais mais baixas. É o que mostra o estudo do pesquisador Bruno Ottoni, da Consultoria IDados, indicando que, entre os trabalhadores que ganham até um salário mínimo, 11% têm nível superior completo ou incompleto.

Nesse universo, 70% são mulheres. São quase dois milhões (1,9 milhão) de profissionais com qualificação recebendo até R$ 998 (piso que vigorou em 2019). Uma situação que se mantém em períodos de crescimento ou de recessão.

Em 2014, melhor momento do mercado de trabalho recente, elas representavam 69,9%. Em 2019, com o país ainda recuperando-se de uma de suas piores recessões, a participação permaneceu em 69,7%.

Detalhes

Cristiane Soares, pesquisadora e técnica do IBGE, afirma que há mais mulheres do que homens com nível superior completo, o que também ajuda a explicar a representação maior delas nesse universo de ocupados.

Entre elas, 16,9% acima de 25 anos cursaram faculdade, entre eles, a taxa cai para 13,5%. No entanto, as mulheres ganham bem menos que os homens, refletindo uma desigualdade que permeia todo o mercado de trabalho.

Segundo a pesquisadora, a mulher entre 25 e 49 anos com nível superior recebe, em média, 64,2% do salário do homem nas mesmas condições.

No entanto, ela aponta que a formação delas é mais concentrada em áreas de ensino, como Pedagogia e licenciaturas (formação para dar aulas), num país em que os professores são pouco valorizados.

Crise

Pelo estudo de Ottoni, a crise econômica e o alto desemprego dos últimos anos não mudaram a estrutura de gênero desse universo de trabalhadores, mas fez aumentar significativamente a parcela dos que têm diploma nesse contingente.

Antes da crise, em 2014, eles representavam 39,1%. O restante era de quem tinha o curso superior incompleto. No segundo trimestre deste ano, os formados já representavam 45,4% desse grupo que ganha até R$ 998.

*Com informações do jornal O GLOBO