
A deputada federal Edna Henrique (PB) analisou os novos dados sobre violência contra a mulher no Brasil divulgados nesta terça-feira (26). O levantamento do Datafolha feito em fevereiro foi encomendado pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e revelou que nos últimos 12 meses, 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio.
Segundo a pesquisa, entre os casos de violência, 42% ocorreram no ambiente doméstico. Após sofrer uma violência, mais da metade das mulheres (52%) não denunciou o agressor ou procurou ajuda.
Na opinião da tucana, o quadro é alarmante e precisa de atenção redobrada tanto dos agentes públicos, como da sociedade civil. “A Câmara aprovou nesta semana a criação de uma comissão externa para acompanhar os casos de violência doméstica contra a mulher e de feminicídio no país. Precisamos de todo tipo de mecanismo para coibir e punir agressores e dar mais proteção às mulheres”, disse.
A ideia é que a comissão visite os estados com maiores notificações de casos de violência contra a mulher: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. A autora do requerimento é deputada Flávia Arruda (PR-DF).
Edna Henrique também defende campanhas de incentivo à denúncia. “É preciso fazer com que as mulheres tenham coragem de denunciar. Com a internet e as mídias sociais algumas já estão encontrando apoio e compartilhando suas histórias. Uma encoraja a outra”, completou.
Delegada de Polícia Civil há 30 anos, a tucana contou que já viu de perto muitos casos de agressões e que o acompanhamento psicológico do agressor é fundamental para que não haja reincidência nos casos. “Muitas vezes o homem que agride passa por algum transtorno. Na maioria dos casos o agressor é alguém íntimo da vítima, o que dificulta a denúncia. Convencer o autor da violência de que ele precisa de tratamento é o primeiro passo’, acrescentou.
Apoio
Atualmente as brasileiras contam com uma rede de atendimento que é composta por serviços especializados, como os Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), e não-especializados, como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
Existem também as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs), as Casas Abrigo, os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, os Órgãos da Defensoria Pública, os Serviços de Saúde Especializados para o Atendimento dos Casos de Violência Contra a Mulher.
No entanto, Edna Henrique destaca que toda essa rede de apoio precisa funcionar porque mesmo com a existência dos órgãos os casos de violência continuam crescendo no pais. “Não basta criar novas leis e punições aos agressores sem que as estruturas de apoio às mulheres efetivamente funcionem para ajudar aquelas que precisam do poder público. Temos uma das melhores legislações e estruturas, mas tudo isso precisa funcionar bem”, concluiu.
Reportagem Tainã Gomes de Matos