A relação entre os poderes Executivo e Legislativo foi o tema do último painel do segundo dia do seminário de capacitação “Os desafios do novo quadro político”, promovido pelo PSDB-Mulher em parceria com o ITV e a Fundação Konrad Adenauer. A presidente do segmento feminino tucano, Yeda Crusius (RS), foi a mediadora do painel que contou com a presença das deputadas federais, Bia Cavassa (MS), Mariana Carvalho (RO), Geovania de Sá (SC), além da presidente do PSDB-mulher de São Paulo, Izabel Lorenzetti, da deputada estadual Célia Leão(SP) e do tucano Marcus Pestana.
Mariana Carvalho lembrou o início de sua trajetória política aos 16 anos, na Juventude Tucana, até chegar à Câmara dos Deputados e ser eleita segunda secretária da Mesa da Casa. A tucana contou sobre as dificuldades de legislar e a importância de estar sempre antenada para saber o que é possível ou não propor.
“Fui muito criticada quando apresentei um PL que previa a exigência de todos os aviões terem uma tomada. Dei entrada num dia e no outro estava arquivado. Daí conversando com outros parlamentares e técnicos descobri que a maioria dos aviões já possuem esse dispositivo. Por isso, sempre que tiverem alguma ideia de projeto, conversem com técnicos antes, busquem informações que possam subsidiá-las. Até porque às vezes você acha que aquilo é importante e quando escuta um outro ponto de vista, pode mudar de ideia e perceber que aquele não é o caminho”, aconselhou.
Já a deputada Bia Cavassa (MS), destacou os desafios e a necessidade de perseverança das mulheres para conseguirem alcançar um cargo de destaque na política. Na opinião dela, a contribuição dos homens é fundamental para o sucesso feminino. “A participação da mulher na política é fundamental. Os homens e as mulheres devem estar lado a lado na luta pela maior participação das brasileiras no poder”, observou.
Executivo x Legislativo
Izabel Lorenzetti compartilhou com as presentes a sua experiência como prefeita de Lençóis Paulista e o segredo para uma boa administração. “Um prefeito precisa de portas que se abram para ele, precisam achar caminhos e a deputada estadual é quem pode abrir essas portas. Serve como ponte entre o Estado e o município, abrindo caminho para levar recursos para as regiões”, ensinou.
“Quando se trata do Executivo, os representantes carregam um sonho muito maior que o orçamento e que o tempo de um mandato. A mesma coisa são vocês [deputadas]. O sonho que vocês iniciam agora é fazer o melhor para ajudar as pessoas e mudar o país legislando, fiscalizando”, completou Izabel, que atualmente é presidente do PSDB-Mulher-SP e membro da atual coordenação executiva do PSDB-Mulher Nacional.
Campanha permanente
A deputada federal por Santa Catarina, Geovânia de Sá falou sobre o conceito de “campanha permanente” e de como é importante manter a aproximação como eleitor durante todo o mandato.
“Percorri quase todos os municípios do meu estado e conheci muita gente. Estar atenta às necessidades da população e manter um canal de comunicação eficaz com o povo foi um dos segredos da minha vitória”, revelou a tucana que foi reeleita com quase o dobro de votos que recebeu em 2014 – foram 101.937 em 2018.
A deputada estadual Célia Leão (SP) agradeceu o convite para participar do evento e contou um pouco da sua histórica com o PSDB. “Eu estou no PSDB há exatos 30 anos. Sou filiada desde 1988. Já fui vereadora e deputada estadual e tenho muita experiência tanto no Legislativo como no Executivo. Durante a minha jornada na política já tive dezenas de motivos para deixar o PSDB, mas quando vou deitar todos os dias na minha cama eu penso que tenho um milhão de motivos para permanecer”, declarou emocionada.
Foco
O secretário-geral do PSDB, o ex deputado Marcos Pestana, dividiu com as tucanas sua preocupação com a crise mundial da democracia e orientou as deputadas novatas para que elas possam tirar o melhor proveito de sua primeira experiência como parlamentares. Assim como Geovânia de Sá, ele defendeu a aproximação com o povo como termômetro para uma boa administração.
“Essa crise da democracia é no mundo inteiro. Essa crise de representatividade é global. O que temos de ter definido é que não existe democracia sem um Parlamento forte e os partidos tem de ser defendidos. É uma sociedade cheia de fragmentações e nem tudo é verbalizado pelas siglas”, disse.
Pestana aconselhou as deputadas a construírem suas próprias bandeiras e a brigar por elas. “Nós precisamos descobrir a melhor interlocução com o povo. Para quem está chegando agora no Parlamento, tem que ter foco. Nessa sociedade fragmentada é importante ter elos orgânicos com segmentos sociais as suas causas. Escolha a sua bandeira. Participação em comissão e muito importante”, aconselhou.
Na opinião do tucano, é essencial é ter seletividade. “Não dá para abraçar a vida com as pernas. As pessoas se enganam com a vida do parlamentar, não imaginam o esforço que é de verdade”, concluiu.
Reportagem Tainã Gomes de Matos