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Documentário retrata a história e as dificuldades da mulher na diplomacia

Há 100 anos, pela primeira vez, uma mulher se tornou diplomata no Brasil. Um documentário de produção independente lançado na terça-feira (11) em São Paulo, chamado “Exteriores – Mulheres Brasileiras na Diplomacia”, traz depoimentos de diplomatas de várias gerações sobre como é ser uma mulher na diplomacia e as dificuldades que existiram e que ainda existem no cargo.

Para a vereadora, 2ª tesoureira do Secretariado Nacional da Mulher e Presidente do PSDB-Mulher do Espírito Santo, Neusa de Oliveira, produções como essa são importantes também para próximas gerações de mulheres. “Um documentário como esse é importante para conscientizar o gênero feminino da sua importância na sociedade e transmitir para a próxima geração”.

Maria José Rebello foi a primeira diplomata e primeira servidora pública concursada do Brasil. Ela passou na prova em primeiro lugar e ingressou no Itamaraty em 1918. “Melhor seria, certamente, para o seu prestígio que continuasse à direção do lar, tais são os desenganos da vida pública, mas não há como recusar a sua aspiração”, esse foi o discurso de Nilo Peçanha, o então chanceler que anunciou a aceitação de Maria José.

Após isso, por 16 anos, entre 1938 a 1954, as mulheres foram proibidas de entrar para a diplomacia. Dados apresentados no documentário revelam um universo ainda de dominação masculina mesmo após um século de participação feminina. Mulheres são apenas 23% dos diplomatas e 9,8% dos chefes de embaixada no exterior. Para Neusa a mudança nesses números deve começar pela união das mulheres. “Falamos e sabemos, mas não nos unimos, uma disputa interna e inconsciente às vezes faz com que percamos todos os espaços de poderes”, completa.

A chefe do escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores em São Paulo, Débora Baremboim-Salej, disse ao Jornal Folha de S.Paulo: “É muito difícil ver mulheres nesses cargos de maior visibilidade. Nas promoções e remoções, existe uma diferenciação. E há uma fama de que é uma carreira muito difícil para a mulher por causa da família, das viagens”.

O documentário fala também de mulheres negras e lésbicas na profissão. Houve um período em que candidatos eram reprovados nas entrevistas apenas por serem negros.“Há muito poucos negros em geral diplomatas brasileiros. E se nós falarmos de mulheres negras é mais difícil ainda”, diz a diplomata Marise Ribeiro Nogueira.

O filme entra em cartaz em fevereiro no CineSesc e depois ficará disponível gratuitamente na internet.

Exteriores – Mulheres Brasileiras na Diplomacia

Brasil, 2018. Direção: Ivana Diniz. Classificação: livre. Em cartaz em fevereiro de 2019 no Cinesesc

*Reportagem Karine Santos, com informações da Folha de S.Paulo